O Facebook continua debaixo de fogo. A denunciante Frances Haugen divulgou documentos internos da empresa fundada e gerida por Mark Zuckerberg, colocando a rede social no centro do furacão. No meio de tantos ‘papéis’ que Haugen soltou em acusação, a investigação liderada por 17 órgãos de comunicação social norte-americanos apelidou o projeto como Facebook Papers.
A história começou a ser divulgada pelo “The Wall Street Jounal” em setembro, onde o jornal notava que o Facebook tinha conhecimento das ações realizadas pelas suas plataformas, incluindo o problema da falta de autoestima de adolescentes causado pelo Instagram.
Os documentos internos da plataforma mostram como grupos promoveram livremente o ódio e a violência, num exemplo claro de como a manifestação e invasão do Capitólio foi organizada através da rede social. De relembrar que várias pessoas assaltaram o Capitólio a 6 de janeiro, provocando um motim dentro de um dos centros da política dos Estados Unidos.
A forma como o Facebook desenvolveu o seu algoritmo também tem potenciado a desinformação e amplificado mensagens veiculadas por grupos de extrema-direita, onde discursos de ódio enchem a plataforma, e pessoas usam a rede para tráfico de órgãos humanos. Os documentos mostram mesmo que a plataforma tem conhecimento das ações que ocorrem, que não tem intenção em suspendê-las e que tentou encobrir internamente os dados.
“Os conteúdos do Facebook [e restantes plataformas] prejudicam as crianças, fomentam a divisão e enfraquecem a democracia”, apontou Haugen por diversas vezes após ter divulgado os documentos.
Este caso junta-se a outros dois para abalar o império do criador da rede social. Assim, nos últimos anos, Zuckerberg tem sido confrontado com denunciantes das suas práticas, tempestades no meio das relações públicos e inquéritos no Congresso.
De relembrar que esta não é a primeira vez que Mark Zuckerberg está debaixo de fogo, dado que já foi acusado, por duas vezes, de comprometer a privacidade dos dados pessoais dos utilizadores das redes sociais.
A maioria dos documentos citados pelos media americanos datam de 2020, quando a plataforma já se tinha comprometido a apagar conteúdos que incitassem a violência e estar mais atento a assuntos internacionais que promovessem a desinformação.
A Apple ameaçou o Facebook e o Instagram de expulsão da App Store, uma vez que as redes não estavam “a fazer o suficiente para parar de publicitar o tráfico humano no Médio Oriente”. De acordo com o “Wall Street Journal”, os trabalhadores do Facebook sinalizaram a situação de tráfico mas não fizeram muito para o impedir e apagar os rastos na rede.
A rede de Zuckerberg permitiu também que conteúdo de ódio contra os árabes fosse espalhado na rede social. No fim do ano passado, apenas 40% do ódio contra árabes estava a ser detetado no Facebook e o Instagram detetava apenas 6% do discurso de ódio contra o povo árabe.
Ainda assim, as revelações do Facebook conseguiram não ser relevantes após a apresentação dos lucros da empresa ao dia de ontem. A empresa de Zuckerberg subiu 1,26% para 328,69 euros depois do Facebook apresentar lucros de 7,9 mil milhões de euros.
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