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Falta de financiamento no combate à sida coloca milhares de crianças em risco

Peritos avaliaram os potenciais impactos no tratamento do VIH/Sida e nos esforços de prevenção na África subsaariana se o PEPFAR for suspenso ou receber apenas financiamento limitado a curto prazo, estimando que mais de um milhão de crianças poderão ser infetadas pelo vírus e quase 500 mil crianças poderão morrer até 2030.
8 Abril 2025, 19h04

Quase 500 mil crianças poderão morrer de causas relacionadas com a sida até 2030 sem programas estáveis do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Combate à Sida (PEPFAR, na sigla em inglês), segundo um estudo da revista científica The Lancet.

Peritos avaliaram os potenciais impactos no tratamento do VIH/Sida e nos esforços de prevenção na África subsaariana se o PEPFAR for suspenso ou receber apenas financiamento limitado a curto prazo, estimando que mais de um milhão de crianças poderão ser infetadas pelo vírus e quase 500 mil crianças poderão morrer até 2030.

“O futuro dos programas está em jogo. Perder o apoio estável e a longo prazo faz com que o progresso global para acabar com o VIH/Sida regresse à idade das trevas da epidemia, especialmente no que diz respeito às crianças e aos adolescentes”, afirmou a coautora Lucie Cluver, da Universidade de Oxford.

Os autores do estudo consideram que “uma retirada súbita dos programas (…) poderia levar a um ressurgimento das infeções pelo VIH e das mortes evitáveis, bem como a um aumento dramático do número de crianças órfãs devido à sida nos próximos anos”, uma estimativa de 2,8 milhões e “um retrocesso que poderia corroer duas décadas de progressos”.

Segundo Chris Desmond, professor da Universidade de Kwazulu-Natal, na África do Sul, e também autor do estudo, sublinhou “que é urgentemente necessária uma transição bem planeada para a expansão da propriedade nacional dos programas PEPFAR que levará esse trabalho de salvamento adiante e oferecerá estabilidade e sustentabilidade para os países que atualmente dependem do apoio do PEPFAR agora e no futuro, o que, por sua vez, também beneficia os EUA e solidifica a sua posição como líder global no esforço para acabar com o VIH”.

Em fevereiro deste ano, a agência de desenvolvimento dos EUA anunciou que vai cortar 92% do financiamento para programas no estrangeiro.

O PEPFAR, criado pelo Governo dos Estados Unidos em 2003, tem sido significativo na abordagem da epidemia global de VIH/Sida, fornecendo mais de 120 mil milhões de dólares (109,5 mil milhões de euros) em financiamento para tratar e prevenir o vírus.

Atualmente, apoia mais de 20 milhões de pessoas com serviços de prevenção e tratamento do VIH, principalmente na África subsaariana.

Os esforços do PEPFAR contribuíram para diminuir significativamente o número de órfãos da sida do seu pico de mais de 14 milhões de crianças em 2010 para 10,5 milhões em 2023.

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