O painel The Portuguese Real Estate Outlook do Advisory Summit organizado pelo Jornal Económico, discutiu os problemas do mercado imobiliário português. Sem surpresas a falta de habitação atravessou o debate como realçou João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal, que considerou ser um problema estrutural. Uma opinião partilhada por João Cabaça, CEO da VIC Properties, que reconheceu a dificuldade em “dar vazão à procura por via da oferta”.
O gestor destacou que este problema não tem a ver com os estrangeiros, “não tem a ver com Residentes Não Habituais e Golden Visas”.
O promotor imobiliário disse que se saíssem para o mercado 500 casas de luxo, os preços inevitavelmente baixavam e deixavam de ser de luxo. João Cabaça diz-se um “crente que o mercado funciona por si próprio”. “
“Não há competição entre os promotores porque a oferta é muito baixa”, referiu ainda o CEO da VIC Properties.
A oferta de habitação não vai disparar de um dia para o outro, pelo que o problema do preços das casas altos demais para os ordenados portugueses vai continuar a manter-se.
“A verdade é que há muita falta de oferta e os processos são extremamente morosos”, disse o CEO da VIC Properties que considera que não há falta de dinheiro para investir e falou mesmo em biliões de euros para investir em mais habitação. Para João Cabaça a redução do IVA na construção não resolve o problema da falta de oferta.
Num painel em que praticamente todos concordaram com o problema da falta de habitação, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, acrescentou ao problema a falta de mão-de-obra na construção. A situação é mais complexa hoje do que no passado porque não há recursos humanos para a construção.
“No passado até 2008 tínhamos 660 mil pessoas a trabalhar no sector e hoje temos 300 mil, perdemos mais de 50%, sem que tenha havido alterações nos termos construtivos”, disse o CEO da Vanguard.
A solução poderia passa pela industrialização, defendeu o CEO da Vanguard, que reconheceu que este “é um processo está muito atrasado, mas não tenho duvida que é um dos caminhos”.
Depois apontou que “há um problema de licenciamento claríssimo” e “não há visibilidade nenhuma”.
O promotor imobiliário recomenda que os fundos do PRR sejam canalizados para a construção industrializada. “É preciso investir mais nas empresas”, disse.
O PRR com a Câmara leva à construção de mais casas mas não resolve o problema por causa da falta de capacidade de construção para responder à procura.
A única forma de resolver no curto prazo o problema da falta de casas é com o arrendamento, defendeu.
O arrendamento é a solução de curto prazo mas as leis não podem estar sempre a mudar e é preciso a rapidez da justiça nos casos de não pagamento das rendas. Tem de haver confiança no mercado, disse José Cardoso Botelho que defendeu a Lei Cristas, que liberalizou o mercado do arrendamento, que foi depois alterada o que foi negativo na opinião do CEO da Vanguard.
Francisco Lino Dias, Partner PLMJ, defendeu a estabilidade legislativa e a segurança jurídica para atrair o investimento imobiliário. “Os investidores quando tomam a decisão devem acreditar que as algumas variáveis do seu business plan se vão manter”, disse o advogado.
O painel contou com a participação de Francisco Lino Dias, Partner PLMJ; João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal; João Cabaça, CEO VIC Properties; e José Cardoso Botelho, CEO Vanguard Properties.
José Cardoso Botelho defendeu também os projetos integrados (habitação, comercial, serviços, escolas, etc).
Sobre a parte fiscal e processual, o promotor imobiliário defendeu que basta “copiar o que se faz em Madrid com o Plan Vive [um dos principais objetivos do Plan Vive é revitalizar terrenos públicos subutilizados para a construção de habitação acessível]”, cujos responsáveis deste plano espanhol foram convidados pela APPII (Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários) para o apresentarem ao atual e anterior governo.
O principal problema em Portugal é falta de poder de compra, disse ainda o CEO da Vanguard. “Temos um problema de falta de mão de obra e de baixo poder de compra”, sublinhou Cardoso Botelho.
João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal, relatou a sua realidade que tem a especificidade de ter muitos ativos imobiliários no Algarve, onde os compradores são em parte investidores estrangeiros que não dependem de crédito à habitação. Já em Lisboa a Arrow está a apostar “na habitação a custos controlados” como uma forma de dar resposta satisfatória à comunidade mas “também para ter sitio onde os nossos trabalhadores possam dormir”.
Também a falta de industrialização de construção, foi sublinhada por João Bugalho.
(atualizada)
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com