[weglot_switcher]

Falta de habitação pode resolver-se a prazo com industrialização e no imediato com arrendamento

O CEO da Vanguard defendeu que os fundos do PRR sejam canalizados para a construção industrializada. “É preciso investir mais nas empresas”, disse na Advisory Summit que tem lugar em Lisboa esta terça-feira e que conta com a organização do JE.
16 Julho 2024, 11h04

O painel The Portuguese Real Estate Outlook do Advisory Summit organizado pelo Jornal Económico, discutiu os problemas do mercado imobiliário português. Sem surpresas a falta de habitação atravessou o debate como realçou João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal, que considerou ser um problema estrutural. Uma opinião partilhada por João Cabaça, CEO da VIC Properties, que reconheceu a dificuldade em “dar vazão à procura por via da oferta”.

O gestor destacou que este problema não tem a ver com os estrangeiros, “não tem a ver com Residentes Não Habituais e Golden Visas”.

O promotor imobiliário disse que se saíssem para o mercado 500 casas de luxo, os preços inevitavelmente baixavam e deixavam de ser de luxo. João Cabaça diz-se um “crente que o mercado funciona por si próprio”. “

“Não há competição entre os promotores porque a oferta é muito baixa”, referiu ainda o CEO da VIC Properties.

A oferta de habitação não vai disparar de um dia para o outro, pelo que o problema do preços das casas altos demais para os ordenados portugueses vai continuar a manter-se.

“A verdade é que há muita falta de oferta e os processos são extremamente morosos”, disse o CEO da VIC Properties que considera que não há falta de dinheiro para investir e falou mesmo em biliões de euros para investir em mais habitação. Para João Cabaça a redução do IVA na construção não resolve o problema da falta de oferta.

Num painel em que praticamente todos concordaram com o problema da falta de habitação, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, acrescentou ao problema a falta de mão-de-obra na construção. A situação é mais complexa  hoje do que no passado porque não há recursos humanos para a construção.

“No passado até 2008 tínhamos 660 mil pessoas a trabalhar no sector e hoje temos 300 mil, perdemos mais de 50%, sem que tenha havido alterações nos termos construtivos”, disse o CEO da Vanguard.

A solução poderia passa pela industrialização, defendeu o CEO da Vanguard, que reconheceu que este “é um processo está muito atrasado, mas não tenho duvida que é um dos caminhos”.

Depois apontou que “há um problema de licenciamento claríssimo” e “não há visibilidade nenhuma”.

O promotor imobiliário recomenda que os fundos do PRR sejam canalizados para a construção industrializada. “É preciso investir mais nas empresas”, disse.

O PRR com a Câmara leva à construção de mais casas mas não resolve o problema por causa da falta de capacidade de construção para responder à procura.

A única forma de resolver no curto prazo o problema da falta de casas é com o arrendamento, defendeu.

O arrendamento é a solução de curto prazo mas as leis não podem estar sempre a mudar e é preciso a rapidez da justiça nos casos de não pagamento das rendas. Tem de haver confiança no mercado, disse José Cardoso Botelho que defendeu a Lei Cristas, que liberalizou o mercado do arrendamento, que foi depois alterada o que foi negativo na opinião do CEO da Vanguard.

Francisco Lino Dias, Partner PLMJ, defendeu a estabilidade legislativa e a segurança jurídica para atrair o investimento imobiliário. “Os investidores quando tomam a decisão devem acreditar que as algumas variáveis do seu business plan se vão manter”, disse o advogado.

O painel contou com a participação de Francisco Lino Dias, Partner PLMJ; João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal; João Cabaça, CEO VIC Properties; e José Cardoso Botelho, CEO Vanguard Properties.

José Cardoso Botelho defendeu também os projetos integrados (habitação, comercial, serviços, escolas, etc).

Sobre a parte fiscal e processual, o promotor imobiliário defendeu que basta “copiar o que se faz em Madrid com o Plan Vive [um dos principais objetivos do Plan Vive é revitalizar terrenos públicos subutilizados para a construção de habitação acessível]”, cujos responsáveis deste plano espanhol foram convidados pela APPII (Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários) para o apresentarem ao atual e anterior governo.

O principal problema em Portugal é falta de poder de compra, disse ainda o CEO da Vanguard. “Temos um problema de falta de mão de obra e de baixo poder de compra”, sublinhou Cardoso Botelho.

João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal, relatou a sua realidade que tem a especificidade de ter muitos ativos imobiliários no Algarve, onde os compradores são em parte investidores estrangeiros que não dependem de crédito à habitação. Já em Lisboa a Arrow está a apostar “na habitação a custos controlados” como uma forma de dar resposta satisfatória à comunidade mas “também para ter sitio onde os nossos trabalhadores possam dormir”.

Também a falta de industrialização de construção, foi sublinhada por João Bugalho.

(atualizada)

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.