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Gripe aviária nos EUA e mercado espanhol dificultam abastecimento de ovos em Portugal

Distribuição garante que não há rutura de stock apesar da dificuldade em encontrar o produto nas prateleiras dos supermercados. Produtores admitem dificuldades nesta altura do ano: aumento do consumo obriga à importação de ovos e há um constrangimento nos mercados aos quais Portugal compra.
4 Dezembro 2024, 07h00

Tal como o Natal e também por causa da época natalícia, as dificuldades na reposição de ovos nos super e hipermercados em Portugal já são quase uma tradição no consumo alimentar, uma tendência que nem o crescimento da produção de ovos tem conseguido atenuar. A gripe aviária nos EUA e a dificuldade de importar ovos do mercado espanhol estão a colocar problemas no abastecimento de ovos, sabe o JE.

São vários os relatos que chegaram ao JE que testemunham a dificuldade de encontrar ovos nas prateleiras dos supermercados nestas semanas. E mesmo quando se encontra este produto, é difícil que a variedade em termos de tamanhos dos ovos esteja disponível tal como acontece no resto do ano.

Paulo Mota, presidente da Anapo – Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos (entidade que existe desde 1975 e que representa atualmente 90% da produção nacional), começou por dizer ao JE que “esta é uma situação ocasional porque o consumo de ovos nesta época pré-natalícia aumenta significativamente.”

No entanto, a época pré-natalícia é uma altura do ano em que, em Portugal, “é comum a importação de ovos”, e, sendo assim, “o que acontece é que nesta altura surgem algumas dificuldades na importação de ovos, não só por causa do preço, mas também por causa do comércio mundial de ovos”, reconhece o dirigente ao JE.

“Apesar de não haver circulação de ovos a grandes distâncias, temos algumas dificuldades na importação por causa da gripe das aves nos EUA e nalguns países”, destaca Paulo Mota. “Nesta altura do ano, quando importamos ovos, estes vêm de Espanha e a verdade é que os espanhóis também procuram mercados mais atraentes para exportar os seus ovos”, realçou.

Paulo Mota realçou ao JE que “neste período natalício, o consumo deste produto cresce de forma exponencial, daí a necessidade de importação deste produto. E como se sabe, os ovos têm que se vender frescos.” De resto, Portugal é um mercado que está a experimentar um aumento de consumo exponencial deste produto: “À semelhança do que tem acontecido, notamos que o consumo de ovos tem vindo a aumentar nos últimos anos, mas a verdade é que a produção de ovos em Portugal também tem vindo a crescer. Portanto, não me parece que vá haver grandes problemas com o abastecimento de ovos”.

Traçando um cenário desta indústria em Portugal, Paulo Mota destaca que este é um mercado “autossuficiente na produção de ovos e, em condições normais, somos excedentários e exportamos este produto. Se há dois, três, quatro anos, Portugal tinha autossuficiência de 115%, neste momento estamos próximos dos 100% porque o consumo também sofreu um aumento. Mesmo assim, não me parece que vá haver problemas de abastecimentos de ovos, até porque estamos praticamente em dezembro, em que a indústria que vende produtos transformados e que tem ovos como matéria-prima, aquela doçaria que é feita em novembro, essa já está feita”.

“Em 2015, tínhamos 165 ovos per capita e neste momento estamos com mais de 190. Passámos de 6,5 milhões de galinhas para nove milhões. Portanto, podemos dizer que não temos um problema de produção de ovos”, concluiu o presidente da Anapo.

Ainda do lado da produção, a Zêzereovo confirma ao JE que houve uma dificuldade “momentânea” no abastecimento e justificou-a com um “aumento da procura também esta momentânea”. Este produtor constata que o aumento de consumo deste produto é uma realidade e, nesse sentido, a Zêzereovo “está a investir no aumento da produção para acompanhar a evolução e as novas tendências de mercado”. Quanto às próximas semanas, este produtor de Ferreira do Zêzere mostra-se “tranquilo”.

“Portugal não é autossuficiente.”

Do lado da distribuição, as grandes superfícies garantem a disponibilidade deste produto. Questionada pelo JE, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição dá a garantia quanto ao abastecimento: “A APED volta a esclarecer que não existe rutura de stock na categoria dos ovos, estando garantida a disponibilidade deste produto alimentar nas lojas, mesmo numa fase de maior procura, como é o período do Natal e fim de ano que se aproxima.”

Em resposta ao JE, esta associação sublinha que “Portugal não é autossuficiente na produção de ovos e tem de recorrer a outros países, nomeadamente a Espanha, França e Alemanha, para completar a oferta de ovos aos consumidores” e que, nesses países, “registaram-se algumas falhas pontuais decorrentes de um aumento da procura, o que levou a uma demora inevitável na reposição da mercadoria em loja, situação que se encontra progressivamente a ser normalizada, não havendo, por isso, motivo de preocupação para os consumidores.”

 

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