Os preços do gás natural vão subir 6,9% a partir desta terça-feira para os clientes do mercado regulado. Estes aumentos irão impactar os quase 450 mil consumidores que permanecem neste mercado.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) justificou esta subida com o aumento dos custos de aquisição do gás natural e o aumento das tarifas de Acesso às Redes.
Analisando as simulações da ERSE, uma família com duas pessoas (1º escalão de consumo, consumo 1.610 kWh/ano) vai passar a pagar em média mais 0,88 euros por mês num total de 15,66 euros. Num ano, a fatura sobe 10,56 euros.
Já uma família com quatro pessoas (2º escalão de consumo, consumo 3.407 kWh/ano) passa a pagar mais 1,68 euros por mês para um total de 29,75 euros. Num ano, a fatura sobe 20,16 euros.
Sobre os custos de aquisição, o regulador diz que estes “aumentaram ligeiramente, comparativamente com os que estão implícitos nas tarifas atualmente em vigor, com efeitos no aumento da tarifa regulada de Energia”.
Em relação às tarifas de Acesso às Redes, aplicadas nos mercados regulado e liberalizado, o crescimento foi “provocado por uma redução significativa da procura desde 2022. Esta redução gerou desvios de faturação incluídos nos proveitos a recuperar pela tarifa de Acesso às Redes no ano gás 2024-2025”.
“Observa-se um crescimento das tarifas de Acesso às Redes provocada por uma redução significativa da procura, que gerou um desvio de faturação de
cerca de 42 milhões de euros, a ser recuperado nas tarifas do ano gás 2024-2025″, justifica o regulador.
As tarifas de acesso à rede vão sofrer subidas assinaláveis: 14% para clientes de baixa pressão (famílias), 14% para média e baixa pressão acima de 10 mil metros cúbicos/ano, 11% para clientes alta pressão (indústria, grandes consumidores).
Olhando para o ano gás 2024-2025, que começa hoje, o regulador prevê uma diminuição de 8% na procura de gás. “Esta redução da procura de gás é mais acentuada nos clientes de Média Pressão e de Baixa Pressão, prevendo-se uma redução de 11% dos consumos nas redes de distribuição de gás”.
A ERSE explica que “como os custos das infraestruturas são principalmente fixos, a diminuição da procura gera um aumento destes custos por unidade de gás natural consumida, cujo efeito nas tarifas de Acesso às Redes acresce ao incremento causado pelos desvios de faturação anteriormente referidos”.
A queda no consumo resulta de vários fatores, incluindo a “crise energética de preços e da resposta europeia à redução da dependência externa face aos combustíveis fósseis, estabelecendo objetivos de redução do consumo de gás”.
No mercado liberalizado, entre as energéticas, a Galp anunciou que vai aumentar os preços da eletricidade e do gás natural a partir de hoje: 9% e 16%, respetivamente.
Para uma família com dois membros, e uma potência de 3,45 kVa, isto pode representar uma subida média mensal de 2,6 euros. Para uma família com quatro membros, a subida mensal pode atingir os 2,3 euros.
O mercado liberalizado para consumidores domésticos é dominado pela EDP (40%), Galp (21%), Goldenergy (19%), Endesa (14%) e Iberdrola (4%).
O JE questionou as restantes quatro empresas, com a Iberdrola a não responder até ao fecho da edição.
A EDP Comercial disse que não vão ter lugar atualizações tarifárias. “A EDP Comercial vai manter inalteradas as suas tarifas de eletricidade e de gás natural até ao final do ano”, disse ao JE fonte oficial da empresa.
Já a Goldenergy disse que vai “para já”, “manter os preços de eletricidade” até ao “final do ano”, mas que no gás natural “prevê apenas repercutir as variações que possam existir desde 1 de outubro relativas aos acessos regulados”.
Por seu turno, a Endesa disse que no gás natural vai repercutir a “variação das Tarifas de Acesso às Redes a partir de 1/10 a nossos clientes – de acordo com a Diretiva ERSE n.º 18/2024 – tal como previsto no contrato”.
E nas tarifas de eletricidade, a Endesa disse estar “totalmente comprometida em oferecer estabilidade de preços aos seus clientes e não alterará os seus preços até ao final do ano, altura em que será publicada a proposta tarifária da ERSE para 2025”.
“No que respeita à evolução dos preços para os novos clientes, esta dependerá da evolução dos mercados grossistas; em qualquer caso, a Endesa garante a estabilidade dos preços contratados durante 1 ano”, afirmou.
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