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“Fazer do CTO um profeta da adoção de IA é um modelo de governance fraco”, diz presidente do IPCG

João Moreira Rato defende que a introdução da Inteligência Artificial deve abranger todo o board de uma empresa, desde os executivos aos não executivos, para evitar danos reputacionais.
João Moreira Rato | Cristina Bernardo
3 Julho 2024, 09h58

A decisão de entregar a decisão de introduzir a Inteligência Artificial (IA) apenas ao CTO (Chief Technology Officer) de uma empresa é um risco e pode ser visto como uma prática de governance fraca. A ideia foi transmitida por João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) no debate promovido pela consultora KPMG em parceria com o JE, sobre as conclusões do estudo “Generative AI Governance Survey” que analisa a introdução de ferramentas ligadas à Inteligência Artificial Generativa nas empresas e que promete trazer mudanças significativas a todos os níveis: não só na produtividade como também na governance.

Num painel moderado pelo diretor do JE, Filipe Alves e que contou também com a participação de Paulo Paixão, Head of Audit & Assurance da KPMG, o responsável do IPCG começou por referir que ficou surpreendido pela positiva com o destaque dado no estudo ao impacto que esta tecnologia pode vir a ter na cultura da própria empresa.

“É preciso chamar a atenção para o risco de entregar este problema ao CTO. Entregar isto só ao CTO pode gerar um conflito de interesses. Sendo o CTO um profeta da adoção, entregar-lhe esta decisão, é um modelo de governance fraco”, afirmou João Moreira Rato, salientando que antes de adotar estas tecnologias faz sentido alargar a discussão ao nível do board.

“Se esta tecnologia é tão disruptiva como se diz, faz sentido uma conversa ao nível do board, que passe no fundo pela adoção de uma estratégia. É preciso juntar executivos e não executivos e que podem ajudar a estudar os efeitos a longo prazo, mas também a relação com os clientes e funcionários”, sublinhou.

Para o presidente da IPCG um dos grandes impactos que esta tecnologia pode ter na empresa são os danos reputacionais. “Surpreende-me neste estudo o papel fraco que é atribuído à comissão de auditoria que devia estar em cima destes riscos”, realçou.

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