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Fed mantém juros inalterados, mas admite nova subida este ano dada força da economia

As projeções do banco central continuam a apontar para 5,6% nos juros de referência no final do ano, mas Powell lembra que estas “não são um plano”, refletindo sobretudo a atividade económica mais forte do que esperado. Dependência dos dados será para manter perante ainda “muita incerteza”.
21 Setembro 2023, 07h30

Sem surpresas, a Reserva Federal manteve os juros inalterados na reunião concluída ontem, apesar de a atualização das projeções macro continuar a apontar nova subida até ao final do ano. Jerome Powell, presidente da instituição, não excluiu a possibilidade, reforçando o compromisso com a descida da inflação e admitindo riscos, mas procurou desvalorizar as previsões, reiterando que “não são um plano”.

Com os juros de referência em máximos de 2001, entre 5,25% e 5,5%, o mercado atribuía 99% de probabilidade a ficar tudo inalterado e a Fed não desiludiu. Analistas e investidores começam a apostar com alguma certeza que o pico do aperto monetário já foi alcançado, mas a atualização de projeções macro do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, em inglês) colocam os juros no final deste ano em 5,6%, implicando nova subida até lá.

“As projeções não são um plano”, ressalvou Powell, pelo que “não significam que tenhamos decidido se chegámos à postura que procuramos”. Pelo contrário, sendo uma reunião de atualização de previsões macro, os membros do FOMC “escreveram o que previam” para a economia. O presidente da Fed reforçou o compromisso com a recuperação da estabilidade de preços, argumentando que não o conseguir “seria o pior que a Reserva Federal podia fazer”.

Como tal, e reconhecendo uma atividade económica “mais forte do que o esperado”, é possível que os juros ainda tenham de voltar a subir. Ao mesmo tempo, as previsões para os juros no final do próximo ano e 2025 foram revistas em ligeira alta, algo explicado pelas resistência e força mostrada pela economia.

“Uma atividade económica mais forte significa que temos de fazer mais do lado das taxas”, resumiu. A Fed reviu o crescimento este ano em alta para 2,3%, bem acima dos 1,0% antecipados em junho. Para 2024, a expectativa é de 1,5%, ou seja, acima dos 1,1% anteriormente estimados.

Ainda assim, a Fed “já percorreu um longo caminho”, o que coloca a autoridade monetária em melhor posição para “agir cuidadosamente”, aguardando para ver a materialização dos efeitos da subida de juros na economia real.

Questionado sobre a possibilidade de uma ‘aterragem suave’, um cenário em que a inflação volta a valores em linha com o objetivo de 2% da Fed sem despoletar uma recessão, Powell garante que esse não é o cenário base, mas “é possível”.

“Diria só que sempre achei que esse caminho era possível e plausível. Pode ter alargado ou estreitado várias vezes durante o ano e, no final de contas, pode até ser decidido por fatores fora do nosso controlo, mas acho que é possível”, projetou. Os riscos são, no entanto, vários: os EUA enfrentam uma greve nacional no sector automóvel, uma provável paralisação do Governo federal e o regresso dos pagamentos de empréstimos estudantis, tudo fatores que irão afetar o rendimento disponível.

Recusando-se a comentar a greve, Powell admitiu que “pode afetar o PIB e trazer mais inflação, mas dependerá muito de quão abrangente e duradoura fora”. Até lá, a Fed terá de lidar com a incerteza que se mantém em torno da economia norte-americana.

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