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Fed prepara-se para nuvens cinzentas na economia e assusta investidores

Na Europa o cenário foi ainda mais pessimista, com o Dax30 a perder 1,57% de valor, condicionado pela queda de quase -5% nos títulos da BMW por causa de um aviso na redução dos lucros, enquanto que a Bayer sofreu um mini crash no valor dos seus títulos, que recuaram perto de 10%, devido a um veredicto contra si num tribunal dos EUA que poderá levar a indemnizações na ordem dos $15 mil milhões.
21 Março 2019, 07h45

Wall street tem uma série de “regras de ouro” ou slogans, que devido à sua ocorrência e fiabilidade não são ignorados pelos investidores mais experientes no mercado. Uma delas é o “comprar no rumor e vender na notícia”, que à primeira vista se parece encaixar no que ocorreu ontem nos índices norte-americanos, isto porque não obstante o presidente da Fed, Jerome Powell ter respondido às preces dos Bulls, confirmando uma mentalidade dovish presente nos membros do board da instituição, o certo é que após uma reacção em alta, o sentimento depressa inverteu deixando Wall Street praticamente nos níveis em que transaccionava antes do anúncio das conclusões da reunião de dois dias do banco central norte-americano. Hoje e amanhã se verá a validade deste slogan, até porque existem mais factores a considerar que podem condicionar o movimento do mercado.

Um deles é o facto dos investidores terem ficado com um pé atrás dado que a Fed surpreendeu por uma posição ainda mais dovish do que a esperada, não apenas na questão de abrir a porta a não haver sequer subida nos juros em 2020, como no fim da redução do balanço em Setembro, com um corte na diminuição mensal já em Maio, indícios que levaram o mercado a dar 50% de probabilidades num corte dos juros para o início ano que vem, quando essa percentagem era cerca de metade há uma semana. Tudo somado causou alguma apreensão visto que até parece que o banco central norte-americano está já em modo de “salvação” do crescimento económico e não numa posição neutral. Outro factor importante foi a declaração de Trump, que confirmou a ideia que referi ontem sobre a possibilidade das tarifas aplicadas pelos EUA à China não serem levantadas aquando de um acordo, mas muito tempo após, quando for confirmada a sua implementação, o que poderá levar à inviabilização do acordo.

Com a perspectiva de juros estáveis com tendência para descerem, a banca foi naturalmente castigada com a pressão vendedora, visto que afecta as margens do negócio, levando o sector a ceder -2,09% no S&P500 e o Dow Jones para o pior desempenho do dia com um recuo de 0,55%, devido as fortes desvalorizações da Goldman Sachs e J.P Morgan. Na Europa o cenário foi ainda mais pessimista, com o Dax30 a perder 1,57% de valor, condicionado pela queda de quase -5% nos títulos da BMW por causa de um aviso na redução dos lucros, enquanto que a Bayer sofreu um mini crash no valor dos seus títulos, que recuaram perto de 10%, devido a um veredicto contra si num tribunal dos EUA que poderá levar a indemnizações na ordem dos $15 mil milhões.

No Forex o dia foi bastante animado com a fraqueza natural do U.S dólar a valer uma desvalorização de -0.5% no “greenback”, o que foi aproveitado pelo Euro para um ganho de 0,7% empurrando assim a moeda única para o valor mais elevado em mais de um mês nos $1.1433. A libra inglesa cedeu -0.5% para os $1.32 num dia em que Theresa May pediu a extensão do prazo para o Brexit até 30 de Junho, com o presidente do Conselho Europeu a indicar que a U.E poderá aceder ao mesmo mas apenas no caso do acordo de saída ser aprovado entretanto, colocando assim May entre a espada e a parede, visto que dada a proximidade das eleições para ao Parlamento Europeu, que se realizam no final de Maio, Bruxelas quer uma clarificação da situação, ou saem já ou ficam pelo menos mais um ano.

O gráfico de hoje é do DAX30, o time-frame é Diário

O índice alemão está dentro de um canal ascendente (linhas azuis), que importa monitorizar caso ocorra uma quebra em baixa da linha inferior do mesmo, visto ser um forte indício bearish de curto prazo.

 

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