Quase 40 milhões de pessoas da União Europeia (UE) não tinham meios para financiar pelo menos uma semana de férias no próprio país ou no exterior, com o número de trabalhadores nesta situação a aumentar em mais de dois milhões entre 2021 e 2022, apurou a Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) numa análise a dados comunitários referentes a esses dois anos.
A informação recolhida pelo CES permitiu estimar que, em 2022, 39,7 milhões de trabalhadores (15%) do bloco comunitário não podiam pagar uma semana de férias fora de casa, tanto no seu próprio país como no estrangeiro, acima dos 37,6 milhões (14%) de 2021. Em Portugal, 1,344,082 trabalhadores (21,38%) estavam nessa situação em 2021, número que subiu para 1,383,154 (22,1%) no ano seguinte).
Sobre 2023, ano para o qual ainda não existem dados, os números “poderão ser ainda piores, na sequência de um aumento recorde do custo das férias no verão passado, combinado com a queda dos salários reais em toda a UE no ano passado, devido à inflação impulsionada pelos lucros”, destaca o CES.
O maior aumento da situação de “pobreza nas férias” registou-se em França, com quase um milhão de pessoas empregadas a não poder pagar as férias.
“As maiores variações em pontos percentuais registaram-se na Irlanda (+3,8%) e em França (+2,5%). A Itália continua a ter o número mais elevado de trabalhadores que não podem pagar uma pausa (6 074 387), apesar de uma diminuição, e os países com a percentagem mais elevada de trabalhadores que não podem pagar umas férias são a Roménia (36%), Chipre (25%) e a Grécia (25%)”, detalha o CES em comunicado.
“É provável que a situação da Roménia tenha melhorado desde então, uma vez que o governo introduziu posteriormente um aumento de 23% no salário mínimo e reforçou o poder dos trabalhadores para negociar coletivamente melhores salários”, acrescenta a mesma nota.
Esther Lynch, secretária-geral do ETUC, diz que estes “números mostram como o progresso social está a ser invertido em resultado do aumento da desigualdade económica”, defendendo que “as férias não são um luxo” e que os trabalhadores às mesmas “depois de trabalharem arduamente durante todo o ano”.
“As férias não são um luxo, passar tempo com a família é fundamental para proteger a saúde física e mental dos trabalhadores e proporcionar experiências valiosas às crianças. O aumento do número de famílias da classe trabalhadora que podiam pagar umas férias foi um dos grandes avanços sociais da Europa no século XX. Melhorou a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas e contribuiu para um sentimento de progresso e otimismo”, analisa.
Portugal: pedidos de crédito para férias caem
Menos de metade dos portugueses estão dispostos a recorrer ao cartão de crédito para fazer férias neste verão, seja em Portugal ou no estrangeiro, de acordo com a Cetelem, que realizou um estudo recente sobre a abordagem da população portuguesa a este período de férias.
Do universo de inquiridos pela instituição financeira, 55% admitem optar por fazer férias em Portugal por motivos financeiros.
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