O resultado das eleições autárquicas ditou uma ‘razia’ ainda maior do que se esperava na Câmara de Lisboa, pois com a anunciada renúncia ao mandato por parte do ex-presidente socialista Fernando Medina subiram para 12 os elementos da anterior vereação que deixam para trás a Praça do Município, transitando apenas o ex-vice-presidente João Paulo Saraiva, Paula Marques e Miguel Gaspar, eleitos pela coligação entre PS e Livre, e os vereadores comunistas João Ferreira e Ana Jara.
Mesmo antes da derrota de Medina já existia a certeza de que sairiam alguns pesos-pesados da maioria de esquerda, como o vereador do Ambiente José Sá Fernandes, antigo candidato independente nas listas do Bloco de Esquerda que foi entretanto nomeado coordenador do grupo de trabalho para a Jornada Mundial da Juventude que decorrerá em Lisboa em 2023. Ou Ricardo Veludo, que substituiu o todo-poderoso Manuel Salgado no pelouro do Urbanismo mas também se viu envolvido numa investigação policial aos terrenos da Feira Popular, bem como Celeste Correia (que tomou o lugar de Carlos Castro, vereador da Proteção Civil, após este se demitir por receber a vacina contra a Covid-19 antes de tempo) e Catarina Vaz Pinto, que terminou um longo ciclo à frente do pelouro da Cultura, iniciado em 2009.
A debandada acabou por se estender a dois rostos novos com que o sucessor de António Costa na Câmara de Lisboa pretendia refrescar o executivo, pois o “Expresso” garantiu que Inês Lobo e Inês Ucha não irão assumir os mandatos para que foram eleitas, ao contrário do fundador do Livre, Rui Tavares, e de três socialistas que estavam no 8.º, 9.º e 10.º da lista: Inês Drummond (ex-assessora de Fernando Medina e presidente da Junta de Freguesia de Benfica), Pedro Anastásio (até agora adjunto de Duarte Cordeiro na Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares) e Cátia Rosas (que era a vogal da Junta de Freguesia dos Olivais com o pelouro do Ambiente).
Já no centro-direita a renovação foi total, com os quatro vereadores centristas que lideraram a oposição à maioria socialista a saírem, tal como os dois eleitos sociais-democratas. A ex-presidente do CDS-PP e segunda candidata mais votada pelos lisboetas em 2017, Assunção Cristas, fez questão de apoiar Carlos Moedas, mas afastou-se das suas listas, tal como Nuno Correia da Silva (que nestas autárquicas protagonizou uma candidatura mal sucedida à Câmara de Viseu) e Nuno da Rocha Correia, constituindo João Gonçalves Pereira um caso particular – o presidente da distrital centrista de Lisboa e ex-deputado foi preterido dos lugares elegíveis da Coligação Novos Tempos por influência da liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, de quem é um dos principais críticos.
Quanto a Teresa Leal Coelho, a quem a concelhia lisboeta do PSD retirou a confiança após viabilizar com o seu voto a recondução de Manuel Salgado para a presidência da empresa municipal SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, à revelia de uma orientação partidária em sentido inverso, a saída estava há muito tempo garantida, sucedendo o mesmo a João Pedro da Costa, segundo e último vereador social-democrata eleito em 2017, na sequência de um resultado desastroso de 11,22%.
Nenhum dos sete eleitos da coligação de centro-direita que agora conquistou a Câmara de Lisboa integrava o executivo municipal no mandato anterior, embora Carlos Moedas possa contar com alguma experiência autárquica dos sociais-democratas Ângelo Pereira, que foi vereador da Cultura na Câmara de Oeiras, e Filipa Roseta, responsável até às legislativas de 2019 pelos pelouros da Gestão Territorial e Ordenamento do Território na Câmara de Cascais, enquanto o centrista Diogo Moura foi o líder do grupo do partido na Assembleia Municipal de Lisboa.
Por último, ao contrário dos comunistas João Ferreira e Ana Para, que voltaram a ser eleitos na lista da CDU à Câmara de Lisboa, o vereador da Educação e dos Direitos Sociais Manuel Grilo, substituto de Ricardo Robles após o cabeça de lista do Bloco de Esquerda ter renunciado ao mandato na sequência de uma notícia do Jornal Económico acerca dos seus negócios, cedeu o lugar à deputada bloquista Beatriz Gomes Dias, que acumulará a Assembleia da República com o mandato de vereadora sem pelouros.
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