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Fernando Ulrich, histórico presidente do BPI, distinguido com Prémio Liderança 2019

O histório presidente executivo do BPI assumiu a Presidência do Conselho de Administração do Banco BPI, há dois anos, depois do CaixaBank ter comprado a totalidade do capital da instituição. Fernando Ulrich ficou célebre pelas suas intervenções públicas desconcertantes. Veja aqui algumas.
  • Cristina Bernardo
3 Dezembro 2019, 12h44

Fernando Ulrich, Presidente do Conselho de Administração do Banco BPI, foi distinguido pela editora Trust in News (dona da revista Visão) e pela revista Exame com o Prémio Excelência na Liderança 2019.

O histório presidente executivo do BPI assumiu a Presidência do Conselho de Administração do Banco BPI, há dois anos, depois do CaixaBank ter comprado a totalidade do capital da instituição.

Fernando Ulrich, de 67 anos, teve como primeiro emprego o jornalismo económico, no Expresso, aquando da sua fundação e durante dois anos. Depois de desempenhar funções na Delegação de Portugal da OCDE em Paris (1975-1979), no Ministério dos Negócios Estrangeiros (1979-1980) e como Chefe de Gabinete do Ministro das Finanças (1981-1983).

Em 1983, entrou para a Sociedade Portuguesa de Investimento, antecessora do BPI, a convite de Artur Santos Silva, atual Presidente Honorário do BPI.

Em abril de 2004, e já com o cargo de vice-presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich tornou-se presidente executivo da entidade, cargo que ocupou até abril de 2017, quando assumiu a presidência do Conselho de Administração, a convite do acionista CaixaBank. Entre 2009 e 2013 foi também Presidente do Conselho Geral da Universidade do Algarve.

Conhecido como o l´enfant terrible da banca, destacava-se pelas suas intervenções públicas contundentes e desconcertantes. Algumas ficaram célebres, como quando respondeu a Paulo Teixeira Pinto, à data presidente do BCP, que tinha acabado de lançar uma OPA hostil ao BPI. Decorria o ano de 2006 e Fernando Ulrich, dizia que o presidente do BCP “não tem currículo” para comentar as posições manifestadas pelos (entã0) acionistas do BPI, demonstrando “muita lata” e “falta de experiência nestas andanças” nos comentários que fez à posição da administração da sociedade visada, o BPI.

Ou como quando respondeu no Parlamento à deputada Ana Drago, numa Comissão de Inquérito em 2013, quando foi chamado a responder pela sua sensibilidade social. Isto depois de, numa conferência de banca do Diário Económico, ter dito o seu célebre “ai aguenta, aguenta”, referindo-se ao facto de os portugueses aguentarem mais austeridade, porque outros, como os gregos, já tinham aguentado pior. E que o nível de sacrifícios depende da economia, credores incluídos.

“Não lhe reconheço a si nem a ninguém o monopólio da sensibilidade social ou da propriedade da verdade. Isso revela da sua parte um espírito da Inquisição em que as pessoas eram condenadas por crime de opinião”, disse na altura, tendo mesmo acrescentado que não recebia lições de moral da deputada porque tudo o que tinha aprendido nessa matéria, tinha aprendido na educação em casa e através da igreja católica.

“Ao contrário da senhora deputada, eu tenho alguma experiência na criação de postos de trabalho. Não pense que é só com medidas macro económicas que vamos conseguir reduzir o desemprego. Não são só as PME que vão reduzir desemprego. Para criar emprego não é preciso ter só dinheiro: é preciso ter organização e capacidade para criar projectos para as pessoas. E o BPI tem essa capacidade. Tal como a PT, ou a Zon ou tantas outras grandes empresas”, respondeu na altura.

Fernando Ulrich justificava em 2013 aos deputados o seu “ai aguenta, aguenta”, explicando que “aquilo que procurou dizer sobre essa matéria é que o nível de sacrifícios ou austeridade a que uma sociedade pode estar sujeita, depende da sua economia. No caso português, está também dependente da vontade dos nossos credores. Foi isso que eu disse tentando desmontar a ideia de que dizendo às pessoas que não aguentamos mais sacrifícios, eles deixam de aumentar”.

O histórico CEO do BPI foi também o primeiro a alertar para alguns sinais da fragilidade financeira do BES, tendo alertado o Banco de Portugal para o tema muito antes de se terem encontrado os problemas financeiros escondidos da Espírito Santo Internacional (ESI). Isso mesmo confirmou em 2015 numa Comissão Parlamentar de Inquérito à Resolução do Banco Espírito Santo. O banqueiro admitiu que à meia noite do dia 2 de agosto de 2014 já não havia mais nada a fazer, mas relembra os sinais que já existam desde 2011 no GES e desde 2009 no BESA.

Fernando Ulrich não se ensaiou nada em identificar quem pactuou com a situação do banco, dizendo que a maior responsabilidade foi dos gestores do banco, mas também dos acionistas e “das autoridades [Banco de Portugal, CMVM e Governo] que poderiam ter feito mais e mais cedo”. Já que “em 2012 era visível a situação de grande fragilidade do grupo quando começou a vender dívida das empresas nos fundos de investimento comercializados pelo BES”. Ulrich alertara para essa “confissão de fraqueza e vulnerabilidade”.

“É uma honra receber este reconhecimento de uma publicação com o prestígio da revista Exame. É uma distinção que partilho com todos aqueles que ajudaram a construir o BPI e que tornaram o Banco numa das maiores entidades financeiras em Portugal, e uma referência em termos de reputação e credibilidade no sector financeiro”, afirma Fernando Ulrich em comunicado. “Incluo neste agradecimento todos os colaboradores e outros administradores do Banco, com quem trabalhei ao longo dos anos, e, em particular, Artur Santos Silva, a quem agradeço a confiança que sempre depositou em mim e o exemplo de vida”, adianta o atual Chairman do BPI.

O anúncio será feito esta terça-feira, 3 de dezembro, pelas 17h00, em Lisboa (Hotel Tivoli Avenida da Liberdade), durante o evento de entrega de prémios das 500 Maiores e Melhores Empresas.

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