A Finerge prevê atingir os dois gigawatts (GW) de potência este ano, mantendo a aposta na energia eólica, mas também focada na energia solar fotovoltaica. Portugal é o seu terreno de eleição (com 300 megawatts em licenciamento e outros 300 megawatts prestes a arrancar a construção), mas o mercado espanhol está a dar cartas.
“Concluímos com sucesso, ultrapassando as metas, o nosso plano estratégico 2019/2023. Estamos a ultimar a preparação do plano 2024/2030, já com a participação do novo acionista. Especificamente em 2024 estaremos mais focados em ativos eólicos e híbridos. Ultrapassaremos confortavelmente a meta dos 2 GW”, revelou fonte oficial da energética liderada por Pedro Norton ao JE.
No ano passado, a companhia gerou receitas de várias centenas de milhões nos seus mercados. “Em 2023, a Finerge faturou cerca de 400 milhões de euros no total do grupo, nas várias geografias. Prevemos continuar a crescer em 2024 porque se antecipa um crescimento em termos de capacidade instalada. Mas tudo depende, evidentemente, da evolução dos preços no mercado grossista”.
Em 2022, a companhia teve uma faturação ligeiramente acima dos 400 milhões, um crescimento de 24% face a 2021. Um ano antes, em 2020, a empresa faturou cerca de 220 milhões de euros, tendo quase dobrado as receitas no espaço de três anos.
Em 2023, mais de 83 megawatts (MW) entraram em exploração em Portugal, consistindo em sobreequipamentos eólicos. A companhia arrancou com a construção de mais de 43 MW em 2023 de projetos solares e sobreequipamentos eólicos. A Finerge conta também com 330 MW de projetos solares híbridos em fase de procurement, cuja construção deverá arrancar em breve. Por outro lado, mais de 300 MW foram submetidos a licenciamento, incluindo o projeto solar flutuante.
Em 2022, a companhia liderada por Pedro Norton venceu três lotes no leilão do solar flutuante, tendo assegurado os lotes 5, 6 e 7, situados nas albufeiras de Paradela (13 MW), Salamonde (8 MW) e Vilar-Tabuaço (17 MW), respetivamente.
Espanha é uma nova grande aposta da empresa, que abriu escritórios em Madrid no ano passado com o objetivo de acelerar o crescimento neste mercado, que inclui a aposta em projetos híbridos solares, já com o olho nos leilões futuros.
Sobre os leilões previstos para Espanha (energia solar e eólica, incluindo offshore), a empresa disse estar interessada, mas que ainda não tem “visibilidade sobre o calendário efetivo dos leilões”.
O JE perguntou à empresa qual a mensagem que gostaria de transmitir ao novo Governo em termos de políticas energéticas (independentemente do vencedor): “A mensagem continua a ser a mesma: é preciso, acima de tudo, previsibilidade e constância nas políticas públicas. Esse deve ser o pilar da atuação de qualquer Governo neste setor que se caracteriza por ser capital intensivo e onde as decisões de investimento se tomam a longo prazo”.
Um dos maiores problemas que o sector energético em Portugal enfrenta é a lentidão na aprovação de projetos. A Finerge reconhece a “preocupação” que o anterior Governo teve com o tema, mas considera que os “resultados tardam a passar do papel para o terreno”.
“Se queremos atingir as metas do PNEC2030, é preciso muito mais ambição na simplificação do licenciamento de projetos”, declara a empresa.
Sobre o leilão eólico offshore, que foi suspenso pelo anterior Governo, a companhia disse não ter “nenhuma decisão tomada. Nem podemos ter enquanto não existir total visibilidade sobre as condições do concurso”.
A companhia é detida atualmente pelos australianos da Igneo Infrastructure Partners (75%), uma sociedade de gestão de ativos global, com uma carteira de 150 mil milhões de euros de ativos em vários sectores, com os investidores finais a serem instituições financeiras, como fundos de pensões e companhias de seguros, de todo o mundo. Já os franceses da AXA IM Alts (25%) têm 185 mil milhões de euros de ativos sob gestão em vários sectores.
Questionada sobre o que mudou em termos de estratégia com o acionista francês, que entrou em 2023, a companhia responde: “Os dois acionistas estão muito alinhados em termos de estratégia. Estamos a fazer uma revisão estratégica porque o nosso ciclo de planeamento coincidiu com a entrada do novo acionista. Será expectável alguns afinamentos da estratégia porque o mercado evoluiu, mas não vamos ter nenhuma inflexão significativa”.
Fundada há mais de 25 anos, a Finerge é o maior produtor de energia eólico em Portugal. No final de 2023, contava com uma capacidade instalada acima de 1,9 gigawatts. A energética opera 78 centrais eólicas e 17 centrais solares em Portugal e Espanha, num total de 865 aerogeradores e milhares de painéis fotovoltaicos. Por ano, produz 4,5TWh de eletricidade, evitando a emissão de 1.667 kton de emissões poluentes. A empresa emprega mais de 800 trabalhadores diretos e indiretos.
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