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Gigantes das renováveis garantem aposta em Portugal apesar dos custos reputacionais da crise política

A crise política teve repercussão lá fora, mas os responsáveis de várias multinacionais garantem a aposta em Portugal.
2 Dezembro 2023, 13h05

Vários gigantes das energias renováveis garantem que continuam a apostar em Portugal apesar da crise política instalada no país, que vai ter de ir a eleições antecipadas a 10 de março, após a demissão do primeiro-ministro na sequência do caso Influencer.

Os responsáveis participaram num painel durante a conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) que decorreu em Lisboa esta semana.

“Estamos em nove países, Portugal é dos mais atrativos onde estamos, tem uma visão muito favorável ao investimento”, disse Rui Maia dos britânicos da Ventient Energy. “Nada muda em relação ao nosso investimento em Portugal”.

O gestor disse que a empresa tem “disponibilidade financeira e de investimento: Portugal é um dos países onde vamos continuar o crescimento”.

Sobre o país, disse ainda que o “custo de desenvolvimento” de projetos em Portugal “é mais baixo face aos outros” onde a sua empresa está presente.

Já Pedro Norton da Finerge (maioritariamente detida pelos australianos da First State Investments) garante que os “fundamentais permanecem inalterados” para a sua empresa em relação ao investimento em Portugal.

Olhando para a crise energética que assolou a União Europeia após a agressão russa à Ucrânia, destacou que provou que as “energias renováveis são resposta para garantir preços no mercado grossista e a segurança de abastecimento”.

Sobre o desenvolvimento dos projetos, apontou que “é verdade que o custo capital aumentou, mas não será por aí que não se continuará a fazer o caminho”.

Sobre a questão da crise política, disse que foi um “soluço”, mas admitiu recear “alguma entropia na tomada de decisões na administração pública”, esperando que o diretor da DGEG mantenha a máquina a funcionar, referindo-se à notícia do JE onde Jerónimo Meira Cunha tranquilizou os investidores, prometendo que os licenciamentos de projetos vão continuar.

“Não será o caso dos meus acionistas, mas admito que haja investidores estrangeiros que estejam preocupados e queiram ver clarificação política. Isto teve custos reputacionais”, afirmou Pedro Norton, tendo o líder APREN Pedro Amaral concordado com a parte dos custos reputacionais para o país.

“São acidentes de percurso, mas continuo a ver os fundamentais”, declarou o líder da Finerge.

Por sua vez, Georgios Papadimitriou da Galp considera que os “fundamentais estão lá”, considerando que o país tem sido “muito estável”, que tem “todas as fontes” como eólica e solar. “Os eletrões verdes são muito importantes. Temos uma série de projetos em Portugal, queremos aumentar a produção de eletricidade verde”, afirmou, destacando que quer hibridizar projetos eólicos com solares. “Portugal está no lugar certo. É onde queremos estar e queremos fazer mais”, afirmou o administrador responsável por energias renováveis.

A espanhola Iberdrola, por seu turno, considera que Portugal “vive um bom momento”, e que o país “está convencido desta descarbonização e da independência energética”.

“Portugal é o local para fazer investimento agora”, declarou David Rivera, o novo diretor da Iberdrola para Portugal, tal como revelou o JE esta semana, apontado as oportunidades na energia eólica offshore e no hidrogénio verde.

“A aposta da Iberdrola em Portugal é grande. Estamos convencidos da estabilidade regulatória e existem possibilidades para avançar, com todos os desafios, mas há possibilidades”, declarou.

Também presente no painel, Álvaro Brandão Pinto da Generg/Total Energies alertou que o investimento “em novos projetos de renováveis no futuro próximo” está “dependente da perceção de rentabilidade económica”.

E enumerou vários fatores que pesam nesta percepção, incluindo o ” aumento significativo dos valores de investimento por megawatt hora produzido”; a “indefinição dos enquadramentos do mercado de eletricidade”; a “enorme volatilidade dos preços de venda de eletricidade, sendo difícil assegurar contratos estáveis por prazos mais alargados”; “as discrepâncias que possam existir entre a capacidade de produção de renováveis que vier a ser instalada e os níveis de consumo”, apontando para o “desfasamento entre a potência e as tecnologias que concentram a sua produção em determinadas horas”; o “possível agravamento das condições de entrega de energia por falta de capacidade da rede”; o “agravamento das condições de financiamento dos projetos”, devido à subida das taxas de juro.

A rematar, o líder da APREN disse que “continua a haver a percepção de que vale a pena investir em Portugal”.

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