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Fitch junta-se à S&P e à Moody’s na mudança de perspetiva para negativa dos ratings do UBS

Já é a terceira agência de notação financeira a baixar o “Outlook” dos ratings do UBS para “negativo”, depois do anúncio da integração do Credit Suisse no passado domingo. A complexidade da integração está nos motivos apontados para os alertas negativos.
Michael Buholzer / EPA
21 Março 2023, 18h57

Já é a terceira agência de rating a baixar o “Outlook” dos ratings do UBS para negativo, depois do anúncio da integração do Credit Suisse no passado domingo.

“A Fitch Ratings colocou o ‘A+’ Long-Term Issuer Default Rating (IDR) do UBS Group AG e o ‘AA-‘ Long-Term IDRs do UBS AG e UBS Switzerland AG em Rating Watch Negativo (RWN). As três entidades ‘a+’ Viability Ratings (VRs) foram também colocadas Rating Watch Negativo”, lê-se na nota da agência de notação financeira.

A Fitch justifica o Outlook Negativo com “as implicações incertas da aquisição no perfil de crédito combinado dos dois bancos. Também reflecte o risco de execução que surgirá para o UBS com a aquisição, bem como o potencial enfraquecimento dos negócios, risco e perfil financeiro do banco durante a integração e reestruturação do Credit Suisse num ambiente cada vez mais desafiante”.

“Esperamos que a rentabilidade do UBS fique sob pressão enquanto integra o Credit Suisse, que esperamos irá levar muito tempo dado o tamanho do Credit Suisse e a sua complexidade. A longo prazo, a aquisição deverá colocar o grupo combinado numa boa posição para alcançar uma rentabilidade robusta, dada a sua forte marca na gestão global de patrimónios e no sector bancário doméstico” diz a Fitch que lembra no entanto, que a intenção do UBS é de reduzir uma grande parte do Credit Suisse.

As agências de notação financeira Moody’s e S&P revelaram também que decidiram manter os ratings do banco suíço UBS, mas reviram em baixa as perspetivas, após esta instituição ter adquirido o Credit Suisse.

A S&P disse que “esperamos que a integração e a redução antecipada de grandes parte da atividade d banco de investimento do Credit Suisse tragam riscos materiais de execução devido ao tamanho, complexidade e perfil de risco deste banco”, diz a agência na sua análise ao rating da UBS.

A S&P Global diz ainda que acredita que “a gestão do UBS executará prudentemente a integração do Credit Suisse e, devido aos elevadíssimos amortecedores financeiros resultantes da transação e ao apoio maciço da liquidez do Banco central suíço, vemos buffers suficientes para limitar eficazmente os riscos emergentes”.

“Revemos nossa perspectiva (outlook) do UBS Group AG de estável para negativa, refletindo a pressão sobre a qualidade de crédito individual do Grupo vinculada ao risco de execução da integração”, diz a S&P.

Já a Moody’s baixou também a perspectiva de estável para negativa e decidiu não mexer nos ratings do UBS. Numa nota a Moody´s diz que reafirma os ratings do UBS Group AG (A3 Senior Unsecured) e altera a perspectiva para negativa.

“A ação de rating equilibra, por um lado, as vantajosas condições financeiras em termos de liquidez e capital, juntamente com o potencial a longo prazo de melhoria da marca, e, por outro lado a complexidade, extensão e duração da integração”, explica a agência de notação financeira.

A Moody’s acredita que a aquisição do Credit Suisse Group tem o potencial, a seu tempo, de melhorar significativamente a marca do Grupo UBS na gestão do património, na banca suíça, na gestão de activos e, ainda que em menor grau, na banca de investimento.

Esta operação visa simultaneamente uma redução dos custos operacionais em mais de 8 mil milhões de dólares, detalha a Moody’s na análise ao UBS. A Moody’s observa que o banco suíço pretende manter a sua estratégia de crescimento para a gestão do patrimónios e o seu enfoque em actividades de baixo risco nos seus negócios de banca de investimento e mercados de capitais. A Moody’s salienta o “o apetite conservador do UBS Group pelo risco na divisão de Banca de Investimento, e a intenção de limitar os activos ponderados pelo risco a cerca de um quarto do grupo, reduzindo ativos não core do banco em cerca de um terço, no final do ano de 2022, ao mesmo tempo que mantém fortes níveis de solvência e liquidez bem acima mesmo dos requisitos regulamentares.

A agência salienta o apoio ao grupo combinado dos dois bancos que virá do reforço da liquidez e da protecção contra a deterioração incorporada nos termos da transação. “O banco central suíço (SNB) proporcionará ao UBSG e ao CSG acesso sem restrições às suas facilidades de liquidez existentes, bem como acesso a uma facilidade de assistência à liquidez sem garantia até 100 mil milhões de francos suíços. Além disso, o CSG terá acesso a uma nova facilidade de apoio à liquidez pública de até 100 mil milhões de francos suíços. Para já não falar de que o regulador, FINMA desencadeará a amortização de todos os instrumentos AT1 do Credit Suisse Group no valor de 16 mil milhões de francos suíços, reforçando o rácio Common Equity Tier 1 (CET1) do CSG em cerca de 600 pontos base para cerca de 20%, pró-forma ao final de 2022, e fornecendo amortecedores de capital adicionais ao nível do grupo consolidado, ajudando o UBS a manter o seu rácio de capital CET1 acima do actual objectivo de 13%. Como protecção adicional, após a conclusão da aquisição, as autoridades suíças cobrirão também até 9 mil milhões de francos suíços de perdas potenciais em activos não core do CSG depois dos primeiros 5 mil milhões de francos suíços de perdas que serão suportados pelo UBSG.

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