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“FLEXD”: a nova cotada da bolsa de Lisboa já tocou o sino e começa a negociar na segunda-feira

“Esta empresa caiu-nos no sapatinho de Natal”, afirmou Isabel Ucha, membro do conselho de administração da Euronext Lisbon e próxima presidente da Bolsa de Lisboa.
21 Dezembro 2018, 12h56

A Euronext não esperou pela meia noite e abriu o seu maior presente antes do tempo, tendo apresentado oficialmente esta sexta-feira a Flexdeal, a próxima empresa a chegar à Bolsa de Lisboa.

“Esta empresa caiu-nos no sapatinho de Natal”, disse Isabel Ucha sobre a primeira sociedade de investimento mobiliário para fomento da economia (SIMFE) a entrar em mercado regulado português.

Cerca de 11 meses após o registo na CMVM enquanto SIMFE, a Flexdeal cumpriu os prazos estipulados e ficará listada já na véspera de Natal. A partir de dia 24 de janeiro, a negociação da Flexdeal vai decorrer em contínuo com o código “FLEXD” a um preço de referência de cinco euros e com uma capitalização bolsista de 16 milhões de euros. O encaixe do aumento de capital foi de 5 milhões de euros.

“A admissão da Flexdeal tem outra novidade, o regime de colocação privada, com elementos interessantes: a flexibilidade na colocação e o regime simplificado de emissão (tem apenas um prospeto de admissão)”, afirmou a próxima presidente da Euronext Lisbon, à margem da sessão de admissão, na sede da Euronext em Lisboa:

Isabel Ucha, membro do board da Euronext Lisbon, aproveitou também a presentação da primeira sociedade de fomento listada para fazer um agradecimento ao Governo, aplaudir o espírito de abertura e diálogo durante todo o processo, entre os vários intervenientes, e também a Luís Laginha e a Maria João Carioca, ex-presidentes da Bolsa de Lisboa.

A Flexdeal conta com uma carteira de 27 participações, totalizando 12,1 milhões de euros, e caracteriza-se como um “personal trainer das PME” nacionais. Ao Jornal Económico, Alberto Amaral, presidente da Flexdeal, disse que em 2019 poderá haver outras sociedades de investimento a seguir as suas pisadas. “A Flexdeal poderá ter um efeito positivo de novas SIMFE que venham a ser criadas. Espero que sim porque permite que as próprias SIMFE invistam entre si. O que significa que amanhã poderemos fazer coinvestimentos. Acho que a parte mais difícil já foi feita, porque à data de hoje será mais fácil constituir uma sociedade destas”, referiu.

A presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias, salientou que 99% do tecido empresarial português é composto por PME, que “continuam com necessidades de financiamento”, pelo que este poderá ser um veículo alternativo. “Na CMVM estão convictos de que estamos perante a reinvenção dos mercados de capitais (…). Continuaremos a estudar a diversificação do mercado. Não discriminamos modelos de negócios. Não há grandes nem pequenos”, frisou no mesmo evento.

Paulo Câmara, managing partner da Sérvulo & Associados e assessor jurídico desta SIMFE, apresentou os parâmetros de uma sociedade deste tipo, inclusive as vantagens para investidores, quer profissionais quer não profissionais: implica dupla tutela, como OIC e sociedade cotada, investimento elegível por parte dos fundos e investimento e fundos de pensões. Como aspetos positivos, o advogado enumerou ainda o “sinal de maturidade para o mercado” que este dia representa e frisou que as SIMFE “servem os interesses dos emitentes, das PME financiadas e dos investidores”.

A 30 de junho de 2017 o Governo criou as sociedades de investimento mobiliário para fomento da economia e os certificados de dívida de curto prazo, promovendo o investimento em pequenas e médias empresas. A medida consta do Decreto-Lei n.º 77/2017 e insere-se no Programa Capitalizar, que permite às empresas reforçar os seus capitais próprios, passando agora os títulos de empresas de pequena e média dimensão a cumprir os requisitos necessários e a serem elegíveis para o investimento de fundos de investimento e de fundos de pensões.

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