A start-up que promete revolucionar o mercado do plástico biodegradável levantou capital para os seus investimentos.
A FlexSea, uma empresa de biotecnologia azul que desenvolve películas, pelotas e polímeros de bioplástico derivado de algas marinhas, anunciou hoje uma ronda Seed de 2,3 milhões de euros liderada pela Indico Capital Partners e com a participação da RedRice Ventures, Btomorrow Ventures, Food Foundry, Vala Capital, ICON Capital e Pente Capital.
“Considerando um montante de 1,5 milhões recebido da Innovate UK e de outras instituições, o financiamento total obtido pela FlexSea foi superior a 3,4 milhões de euros, lê-se no comunicado.
O capital será prioritariamente aplicado no Reino Unido e em Portugal – onde a empresa tem as suas equipas – como investimento na investigação e desenvolvimento da empresa.
“Para alimentar o consumo mundial de plástico, são utilizados anualmente mais de 12 mil milhões barris de petróleo bruto para produzir 380 milhões toneladas de plástico. Metade dos artigos de embalagem a nível mundial são de utilização única e a maior parte não é reciclada”, acrescenta o comunicado.
As empresas alertam que “no final de contas, cerca de 12 milhões toneladas de plástico vão parar aos oceanos todos os anos – isto é, um camião de lixo cheio de plástico é despejado no mar a cada minuto. Não há um único lugar na Terra onde o plástico, em qualquer das suas formas, não tenha sido encontrado na natureza. Pensa-se que todo o plástico alguma vez produzido ainda existe sob alguma forma no nosso planeta. A maior vantagem do plástico é, portanto, também a sua maior fraqueza: a sua durabilidade”.
Por isso surgem os bioplásticos da FlexSea que foram desenvolvidos “para mudar isso de uma vez por todas”.
Destinados a serem utilizados em aplicações alimentares secas e também não alimentares, são completamente biodegradáveis em ambientes marinhos e no solo, bem como compostáveis em casa num prazo de 8 a 12 semanas.
“Além disso, a película é transparente e termosselável, o que permite a sua utilização em aplicações mais exigentes
visualmente, enquanto os granulados podem ser utilizados em máquinas convencionais de extrusão e injeção de plásticos”, acrescenta a FlexSea.
“A produção dos biomateriais da FlexSea é altamente sustentável, não requerendo produtos químicos fortes nem temperaturas elevadas superiores a 150ºC, e utilizando ingredientes renováveis e naturais, sendo o vapor de água o único subproduto de produção”, garante a empresa.
Para além disso, todos os restos de produção são industrialmente recicláveis, o que significa que podem ser fundidos e utilizados novamente em diferentes produtos, explica a FlexSea. “Isto, e a utilização de toda a biomassa da alga marinha para além dos seus extratos, permite uma eficiência de 100% na transformação da matéria-prima da FlexSea”, acrescenta.
A maior vantagem competitiva da empresa em relação a outros bioplásticos é a sua utilização de algas marinhas. O tipo de algas utilizadas pela FlexSea cresce em ciclos de apenas 45 dias durante todo o ano, sem necessidade de água doce, terra arável, pesticidas ou fertilizantes, permitindo um turnover muito rápido do material, de forma eficiente e sustentável.
Podemos assim passar a ter uma película transparente da FlexSea.
Stephan Morais, Managing General Partner da Indico Capital, considera que a FlexSea tem o potencial de alterar o padrão de consumo humano de plástico e, por consequência, de alterar o caminho da sustentabilidade do nosso planeta. “Estamos orgulhosos de ter liderado este investimento e apoiaremos os fundadores nas próximas etapas de desenvolvimento de produtos, parcerias globais e comercialização”, diz.
O CEO e cofundador da FlexSea, Carlo Fedeli, diz que “este investimento permitir-nos-á fazer progressos significativos e penetrar eficazmente no mercado”.
“A Indico tem um histórico significativo de apoio a start-ups e estamos muito satisfeitos por trabalhar em conjunto com eles e com os nossos outros investidores para levar a FlexSea ao próximo nível”, acrescentou.
Já o cofundador e CTO, Thibaut Monfort, complementou dizendo que “este é um ponto de inflexão para a empresa e uma grande recompensa pelo trabalho árduo e dedicação de toda a equipa de 10 pessoas fantásticas que irão beneficiar deste financiamento nas suas atividades diárias de investigação e desenvolvimento. Estamos a investir fortemente em equipamento e maquinaria para I&D interna, acelerando tremendamente o processo”.
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