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FMI corta previsões de crescimento da economia mundial para 3,3% este ano

Fundo Monetário Internacional realça o abrandamento da economia mundial na segunda metade do ano passado. Instituição liderada por Christine Lagarde destaca os efeitos da guerra comercial entre os EUA e a China e a maior incerteza política em algumas economias.
9 Abril 2019, 14h01

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista em relação ao crescimento económico mundial devido ao abrandamento registado no final do último ano, à guerra comercial entre os EUA e a China e à incerteza política em muitas economias. No “World Economic Outlook” (WEO) divulgado esta quarta-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde prevê que a economia global cresça 3,3% este ano.

A instituição de Bretton Woods reviu em duas décimas as estimativas face ao relatório de janeiro, nas quais apontava para uma expansão de 3,5%. No entanto, o FMI antecipa que o ritmo de crescimento recupere e o PIB global cresça 3,6%, à semelhança do registado no ano passado.

“A atividade abrandou entre um aumento nas tensões comerciais e de aumentos de taxas alfandegárias entre os Estados Unidos e a China, um declínio na confiança das empresas, um endurecimento nas condições financeiras e uma maior incerteza política em muitas economias”, refere o WEO. “Contra esse cenário global, uma combinação de fatores específicos do país e do setor reduziu ainda mais o momentum”.

Na semana passada, Christine Lagarde já tinha sinalizado que a instituição estaria mais cautelosa sobre o ritmo de crescimento mundial. Numa conferência em Washington, a líder do FMI justificou que desde o relatório de janeiro a economia mundial “perdeu mais ímpeto”.

No WEO, o FMI salienta que depois de um pico de quase 4% em 2017, o crescimento global permaneceu forte em 3,8% no primeiro semestre de 2018, mas caiu para 3,2% no segundo semestre do ano.

 

A instituição de Bretton Woods prevê, no entanto, uma recuperação no segundo semestre de 2019, reflexo de estímulos na China, melhorias no mercado financeiro global, que o arrefecimento na zona euro seja temporário e uma gradual estabilização das condições nas economias emergentes, incluindo na Argentina e na Turquia.

Por outro lado, antecipa que nas economias avançadas “continue a desacelerar gradualmente” à medida que o impacto do estímulo fiscal dos EUA se dissipe e o crescimento tenda para o potencial limitado do grupo.

“Para além de 2020, o crescimento global está estabilizado em 3,6% no médio prazo, sustentado pelo aumento no tamanho relativo das economias, como as da China e da Índia, que deverão ter um crescimento robusto em comparação com o crescimento mais lento das economias de mercado avançadas e emergentes (mesmo que o crescimento chinês venha a moderar)”, acrescenta.

Segundo o WEO, o crescimento em mercados emergentes e economias em desenvolvimento deverá estabilizar ligeiramente abaixo de 5%, embora com variações por região e país.

Nova escalada de tensões pode enfraquecer o crescimento

O FMI realça ainda que “embora o crescimento global possa surpreender favoravelmente se as disputas comerciais forem resolvidas rapidamente, de modo que a confiança nos negócios recupere e o sentimento dos investidores aumente ainda mais, o balanço de riscos para as perspectivas permanece no lado negativo”.

De acordo com o WEO, uma nova escalada das tensões comerciais e o aumento associado à incerteza política podem enfraquecer ainda mais o crescimento. Entre os riscos identificados pela instituição com estão a possibilidade de um Brexit sem acordo, dados económicos que apontem para uma desaceleração do crescimento global e incerteza orçamental prolongada e yields elevados em Itália, “com possíveis repercussões adversas para outras economias da zona euro.

A instituição liderada por Lagarde sublinha também que uma “rápida reavaliação pelos mercados da postura da política monetária nos Estados Unidos também poderia apertar as condições financeiras globais”.

“Evitar erros políticos”: a recomendação do FMI

No WEO, a instituição de Bretton Woods salienta que dado o declínio do ímpeto de crescimento global e o limitado espaço político para combater as desacelerações, “evitar os erros políticos que possam prejudicar a atividade económica precisa ser a principal prioridade”.

“A política macroeconómica e financeira deve ter como objetivo evitar uma maior desaceleração onde os resultados podem cair abaixo do potencial e facilitar uma adaptção suave onde a política de apoio precisa ser retirada”, acrescenta.

O FMI recomenda a nível nacional, uma política monetária que assegure que a inflação “permaneça no caminho certo” para a meta do banco central e que os países mantenham uma trajetória para a dívida pública sustentável.

“Se a atual desaceleração se mostrar mais severa e demorada do que a esperada, as políticas macroeconómicas devem tornar-se mais flexíveis, particularmente quando a produção permanecer abaixo do potencial e a estabilidade financeira não estiver em risco”, refere. “Em todas as economias, o imperativo é tomar ações que aumentem o crescimento do produto potencial, melhorem a inclusão e fortaleçam a resiliência”.

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