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FMI mantém projeções de crescimento mundial de 6% para este ano

Fundo Monetário Internacional explica que apesar da previsão global para a economia mundial se manter inalterada existe um fosso entre os países onde a vacinação tem avançado de forma rápida e entre aqueles em que novas vagas de infetados e óbitos pode ameaçar a recuperação.
27 Julho 2021, 14h00

O Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém as previsões de crescimento global em 6% para 2021, mas melhorou para 4,9% a projeção para 2022 e advoga a manutenção de políticas monetárias que estimulem a recuperação, advogando precaução no levantamento do apoio à economia e na interpretação de pressões inflacionárias que, antecipa, acabarão por se dissolver.

Na atualização de verão do relatório de previsões económicas mundiais, publicado esta terça-feira, o organismo explica que apesar da previsão global para a economia mundial se manter inalterada, verifica-se um fosso entre dois blocos: o primeiro é formado pelos países onde a vacinação se tem desenrolado de forma rápida e ágil, permitindo perspetivar uma maior normalização da atividade no final deste ano, e o segundo pelos Estados onde o perigo de novas vagas de infetados e óbitos ameace a recuperação.

Para a zona euro, a previsão é revista em alta ligeira, projetando agora uma expansão do PIB de 4,6% este ano, mais 0,2 pontos percentuais (p.p.) do que no anterior relatório, e 4,3% em 2022, mais 0,5 p.p.. Assim, as economias avançadas veem a previsão de crescimento da economia subir 0,5 p.p., muito por efeito da melhoria da situação pandémica nestes países, mas também dado o impacto estimado do pacote de estímulo orçamental aprovado nos EUA. Este manter-se-á em vigor até ao final de 2021 e deverá impulsionar o crescimento da maior economia do mundo mais 0,3 p.p.. De acordo com a instituição de Bretton Woods, a economia norte-americana deverá crescer 7% este ano e 4,9% em 2022.

Já o Japão e as principais economias europeias só deverão registar uma retoma mais forte no segundo semestre, depois da necessidade de voltar a apertar as restrições no início deste ano.

Por outro lado, os mercados emergentes tiveram o seu crescimento revisto em baixa em 0,4 p.p. em resultado das “severas ondas de Covid-19” que assolaram algumas das principais economias do sudeste asiático, junto com a indiana. Também a diminuição de 0,3 p.p. na previsão de crescimento da China este ano, fruto do recuo no apoio orçamental e no investimento público, contribuem para este resultado.

Em sentido contrário, a América do Sul tem o seu outlook para 2021 melhorado, depois das agradáveis surpresas em termos de crescimento registadas no Brasil e México no primeiro semestre, uma situação semelhante à esperada para a África do Sul.

No que toca à inflação, o FMI vê o indicador a retornar aos seus níveis pré-pandémicos na generalidade das economias avançadas já em 2022, assim que “perturbações transitórias” sejam resolvidas, como a escassez de alguns bens intermédios ou as dificuldades na contratação em vários sectores.

No entanto, os bancos centrais terão um papel chave nesta questão, argumenta o FMI, pois serão estes que terão de manter as expectativas de inflação baixas face a pressões de curto e médio prazo. Como tal, e reconhecendo o relatório que, por enquanto, as expectativas de inflação parecem estar ancoradas nos alvos definidos pelas autoridades monetárias nas economias avançadas, este pede uma “comunicação clara por parte dos bancos centrais da sua interpretação dos motores da inflação”.

O FMI projeta ainda que as dívidas a nível global se fixe em 98,8% este ano, atingindo na zona euro os 100,1%, enquanto a média dos défices orçamentais a nível global deverá ascender a 8,8% e nos países da moeda única 7,9%.

Incerteza continua alta

Os riscos associados às projeções do FMI continuam descendentes para o lado negativo, com a incerteza em torno da linha de base global a permanecer “alta”, principalmente relacionada com as perspetivas dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento.

“Embora o crescimento possa vir a ser mais forte do que o projetando, os riscos descendentes dominam no curto prazo”, admite a instituição liderada por Kristalina Georgieva. Contudo, admite que, por outro lado, uma “melhor cooperação” global em torno das vacinas poderá ajudar a prevenir novas ondas de infeção e o aparecimento de novas variantes. Esta evolução poderia levar também a uma aplicação mais rápida do que o esperado na poupança acumulada das famílias e a uma maior confiança e gastos de investimento por parte das empresas.

 

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