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FMI revê em ligeira baixa crescimento da economia mundial para 3,2% este ano

Fundo Monetário Internacional destaca a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as tensões tecnológicas e uma incerteza prolongada em torno do Brexit como fatores de pressão no crescimento da economia mundial.
  • Bogdan Cristel/Reuters
23 Julho 2019, 14h00

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as tensões tecnológicas e a incerteza prolongada em torno do Brexit levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a cortar ligeiramente as projeções de crescimento da economia mundial. No “World Economic Outlook” (WEO) divulgado esta terça-feira, a instituição de Bretton Woods prevê que a economia global cresça 3,2% este ano e 3,5% em 2020.

O FMI reviu, desta forma, em 0,1 ponto percentual (p.p.) as projeções face ao relatório de abril, no qual estimava uma expansão de 3,3% este ano e 3,6% no próximo.

“O crescimento global permanece moderado”, afirmou o FMI, recordando que desde a edição anterior do WEO os EUA aumentaram as tarifas em algumas importações provenientes da China, que retaliou com a mesma moeda. Explicou ainda que apesar de um escalar adicional nas tensões ter sido evitado na cimeira do G20, as cadeias de fornecimento global de tecnologia foram ameaçadas pela perspetiva de sanções dos EUA, a incerteza sobre o Brexit continuou e os riscos geopolíticos penalizaram os preços da energia.

A instituição sublinhou que o investimento e a procura por bens de consumo duradouros permanecem moderados tanto nas economias desenvolvidas como nas emergentes, à medida que as empresas e as famílias continuam contida em relação a despesas de longo prazo.

Emergentes desiludem

“Houve surpresas positivas no crescimento das economias avançadas, mas uma atividade mais fraca do que o esperado nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento”, refere o relatório do FMI, que destaca um crescimento acima do esperado nos Estados Unidos e no Japão.

O WEO destaca que no lado comercial, a previsão reflete o aumento de maio de 2019 das tarifas norte- americanas no valor de 200 mil milhões de dólares de exportações chinesas de 10% para 25% e retaliação pela China.

O acelerar do crescimento da economia mundial no próximo ano é justificado pelo FMI por um conjunto de factores, nos quais se incluem o sentimento favorável dos mercados financeiros, desanuviamento de alguns fatores de pressão na zona euro e estabilização em algumas economias de mercado emergentes, como a Argentina e a Turquia e o evitar de colapsos como no Irão e Venezuela.

Salienta, no entanto, que “a aceleração do crescimento projetada para 2020 é precária e presume uma estabilização nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, com progresso também na resolução de divergências de política comercial”.

O FMI realça ainda que os riscos negativos se intensificaram desde abril, entre os quais uma escalada da tensão entre os Estados Unidos e a China e as tensões tecnológicas, assim como a possibilidade de um episódio de risco que exponha as vulnerabilidades financeiras “acumuladas ao longo de anos de baixas taxas de juro, tensões geopolíticas e pressões desinflacionistas” que tornam choques adversos mais persistentes.

Crescimento da economia norte-americana deverá acelerar para 2,6%

O FMI reviu alta as estimativas do crescimento do PIB dos Estados Unidos para 2,6% este ano, mais 0,3 pontos percentuais do que em abril. Já para o próximo ano estima que o crescimento modere para 1,9%, reflexo da diluição do impacto dos estímulos fiscais.

“A revisão do crescimento de 2019 reflete um desempenho mais forte do que o antecipado do primeiro trimestre”, explica o FMI, que antecipa, no entanto, que um abrandamento do ritmo de crescimento no resto do ano.

A atualização das projeções sobre a economia norte-americana refletiu-se nas estimativas sobre o desempenho das economias avançadas. O WEO prevê que as economias avançadas cresçam 1,9% este ano, mais 0,1 ponto percentual do que em abril, reflexo da performance dos Estados Unidos.

Já as economias emergentes deverão crescer 4,1% este ano e o crescimento acelerar para 4,7% no próximo ano – uma revisão em baixa face a abril de menos 0,3 e 0,1 pontos percentuais.

O FMI destaca ainda que de forma consistente com o crescimento moderado da procura, a inflação nas economias avançadas se fixa “abaixo da meta” nos Estados Unidos ou “bem abaixo” da meta, como na zona euro e no Japão.

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