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FMI vê economia mundial a crescer 6% este ano, mas alerta para divergências nas velocidades de recuperação

O Fundo Monetário Internacional melhorou as projeções económicas para este ano e 2022 face a outubro. O ritmo de implementação do processo de vacinação, extensão do apoio à política económica e factores estruturais, como a dependência do turismo, provocam divergências no ritmo de recuperação.
  • Gita Gopinath, Professor of Economics, Harvard University, USA at the India Economic Summit 2016 in New Delhi, India, Copyright by World Economic Forum / Benedikt von Loebell
6 Abril 2021, 13h30

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em ligeira alta as projeções para o crescimento da economia global este ano e em 2022, mas alertou para os desafios associados às divergências na velocidade de recuperação entre os países e dentro dos países e do potencial para danos económicos persistentes resultantes da atual crise.

Na atualização das projeções económicas publicadas esta terça-feira, a instituição que tem como economista-chefe Gita Gopinath, prevê que após uma contração estimada de 3,3% em 2020, a economia global deverá crescer 6% este ano, moderando para 4,4% em 2022.

As projeções para 2021 e 2022 são 0,8 pontos percentuais (p.p.) e 0,2 p.p. mais altas do que no relatório de outubro, sobretudo reflexo do estímulo adicional em algumas das economias, como a norte-americana, e da recuperação esperada no segundo semestre devido ao processo de vacinação.

“A força da recuperação projetada varia entre os países, dependendo da gravidade da crise de saúde, da extensão da disrupção doméstica da atividade (relacionada com a dependência dos países de setores de contacto intensivo), a exposição a passagens de fronteiras e – de forma importante – à eficácia do apoio político para limitar os danos persistentes”, explica o relatório, que dá nota de que depois de 2022, o crescimento global deverá moderar para 3,3% no médio prazo.

A instituição de Bretton Woods espera que entre as economias avançadas, os Estados Unidos ultrapassem o nível de PIB pré-pandemia ainda este ano, enquanto muitos outros países deverão retomar aos níveis de 2019 apenas em 2022. Da mesma forma, entre mercados emergentes e economias em desenvolvimento, a China já havia retomado ao PIB pré-Covid em 2020, enquanto muitos outros não deverão fazê-lo em 2023.

O FMI realça que as recuperações a várias velocidades estão a decorrer em todas as regiões e em grupos de rendimentos, vinculadas a diferenças no ritmo de implementação da vacina, na extensão de apoio à política económica e em factores estruturais como a dependência do turismo. “As perdas na produção têm sido particularmente grandes para os países que dependem do turismo e das exportações de commodities e para aqueles com menos espaço para responder”, assinala.

“Os caminhos divergentes de recuperação provavelmente irão criar lacunas significativamente maiores nos padrões de vida entre os países em desenvolvimento e os outros, em comparação com as expectativas pré-pandemicas”, sublinha, apontando que a recuperação global projetada segue-se a uma contração severa que teve impactos particularmente adversos sobre o emprego e os rendimentos em certos grupos, com os jovens, mulheres e trabalhadores com níveis de escolaridade mais baixos e os trabalhadores informais a serem os mais atingidos.

A instituição alerta ser provável que a desigualdade de rendimentos aumente significativamente por causa da pandemia, estimando que cerca de 95 milhões de pessoas a mais tenham caído abaixo do limiar da pobreza extrema em 2020, em comparação com as projeções pré-pandémicas.

Apesar de acreditar que “devido a uma resposta política sem precedentes, a recessão da Covid-19 provavelmente irá deixar cicatrizes menores do que a crise financeira global de 2008”, alerta que “as economias de mercado emergentes e os países em desenvolvimento de baixo rendimento foram mais afetados e devem ter perdas mais significativas no médio prazo”.

“Em muitos aspectos esta crise é única”, frisa o FMI, vincando que em alguns países, registou-se um grande aumento das poupanças, que poderiam ser utilizados “muito rapidamente, caso a incerteza se dissipasse”. No entanto, não é nítido de que forma essas poupanças serão gastas dada a deterioração da situação de muitas empresas e famílias.

O FMI avalia os riscos face ao crescimento económico estimado como equilibrados, mas inclinados para o lado positivo posteriormente, antecipando que desenvolvimentos futuros irão depender do aparecimentos de novas variantes do vírus, da eficácia das ações políticas para limitar os danos económicos persistentes, da evolução das condições financeiras e dos preços das commodities e da capacidade de ajustamento da economia.

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