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Foram realizados em média 11,6 milhões de pagamentos de retalho no valor de 2 mil milhões em 2023

Ao todo foram efectuados 4,2 mil milhões de pagamentos (+13,3% do que no ano anterior), no valor de 740,2 mil milhões de euros (+12,9%) em 2023, o que resulta num valor médio de 175 euros por operação.
2 Maio 2024, 15h00

O Banco de Portugal publicou esta quinta-feira o Relatório dos Sistemas de Pagamentos. Nele constata-se que por dia foram realizados, em média, 11,6 milhões de pagamentos de retalho, no valor de 2 mil milhões de euros.

Ao todo foram efectuados 4,2 mil milhões de pagamentos (+13,3% do que no ano anterior), no valor de 740,2 mil milhões de euros (+12,9%) em 2023, o que resulta num valor médio de 175 euros por operação.

Em 31 de dezembro de 2023, a infraestrutura de aceitação de cartões de pagamento em Portugal
integrava 495,7 mil terminais de pagamento automático e 13,7 mil caixas automáticos, incluindo os de redes internas.

Os pagamentos de retalho têm vindo a crescer anualmente desde 2013, com uma interrupção apenas em 2020 fruto da pandemia de Covid-19.

No ano passado 88,9% dos pagamentos de retalho foram com cartão (excluindo o numerário) e a preponderância do cartão tem vindo a aumentar progressivamente.

Em valor, 57% dos gastos foram realizados através de transferências a crédito (excluindo o numerário).  O valor médio de uma transferência é muito superior ao valor médio dos pagamentos com cartão, o que é explicado, por exemplo, pelo pagamento de ordenados ou a fornecedores.

Quando se olha para o número de operações com cartão verificamos que, em média, foram efetuados 10,3 milhões de pagamentos por dia, no valor 550,8 milhões de euros. A maioria são as compras. O relatório revela que o peso das compras nestas operações foi de 62,7% (o que traduz um aumento anual de 20,2%, sendo que em valor o peso foi de 40,3%.

Seguido das operações de “baixo valor”, como o estacionamento e portagens, pesaram 12,9% do número de operações (+3% face a 2022). Em termos de valor o peso é de 0,6%.

Depois surgem os levantamentos que pesam 10,5% (+0,4% face ao ano anterior), sendo que em valor o peso é de 15,5%.

Os pagamentos (de serviços e ao Estado) representam 6,3% das operações a crédito (0,1% abaixo do ano anterior) e em valor 23,1%.

Das operações com cartão, as que mais cresceram foram as compras (+20,2%) e as transferências que aumentaram 32,6% face a 2022.

As transferências com cartão pesam 7,1% do total, sendo que em termos de valor pesa 16,2%. Aqui estão incluídas as transferências com cartão nas caixas automáticas e aplicações móveis (incluído MB Way).

Outra revelação é que 53% das compras com cartão foram contactless, o que contrasta com 8% antes da pandemia. Em 2023 cresceram 31,1% em quantidade e 32,7% em valor.

Não é maior porque há muitos terminais que ainda não aceitam contactless.

Há uma curiosidade sobre as compras contactless, é que a SIBS não conseguiu ainda desenvolver a tecnologia contactless na marca multibanco, pelo que, sempre que fazemos uma compra contactless estamos a fazê-lo com as redes Visa ou Mastercard. O que significa que enviamos comissões para os Estados Unidos. Os cartões têm duas marcas, a nacional multibanco e um das duas redes internacionais (Visa ou Mastercard). A operação contactless é ainda uma operação Visa e Mastercard. Mas a SIBS estará a acelerar o desenvolvimento da tecnologia contactless na marca multibanco.

O relatório refere que as compras online com cartões nacionais cresceram mais de 33% em quantidade e valor. Outro dado é que 16% das compras com cartões nacionais são online (antes do Covid eram 8%) e cresceram 35,3% em número e 33,7% em valor.

A maioria das compras online (61%) foi feita em comerciantes fora de Portugal (com destaque para os Países Baixos, Estónia e Irlanda).

O Banco de Portugal aborda ainda o tema das transferências imediatas que estão disponibilizadas desde 2018 embora atualmente sejam mais caras do que as transferências a crédito. Recorde-se que atualmente muitas das transferências são as chamadas “transferências a crédito”, como é o caso das transferências de ordenados.

Ora a partir do próximo ano a legislação europeia vai obrigar os bancos (prestadores de serviços de pagamento) a aceitarem as transferências imediatas ao mesmo preço. As transferências imediatas vão ser a regra a partir de 9 de janeiro.

A partir dessa data os bancos vão ser obrigados a aceitar que os clientes recebam transferências imediatas, e a partir de 9 de outubro vão ser obrigados a permitir que os clientes enviem transferências imediatas.

Em 2023 a utilização de transferências imediatas aumentou 33% em valor e em quantidade. Foi o instrumento de pagamento que mais cresceu. Ainda assim o peso das transferências imediatas no total de transferências em Portugal foi bastante inferior à média europeia  (5,2% contra 15,5%). Em parte é explicado pelo facto de as transferências por MB Way não estarem incluídas nos números de transferências imediatas por se tratar de uma transferência entre cartões e não conta a conta. Também aqui a SIBS está a preparar essa migração.

A aplicação do regulamento europeu deverá ter algum impacto na contas dos bancos, uma vez que deixam de poder cobrar mais, como o fazem atualmente, por transferências imediatas.

O regulador impôs um mecanismo de controle de comissões aplicadas a partir da entrada em vigor do regulamento europeu, para verificar se não há um aumento face ao que praticam atualmente.

O Jornal Económico sabe que o Banco de Portugal está a preparar um projeto para ser dos primeiros a pagar os salários por transferências imediatas (hoje o pagamento dos salários é feita por transferência a crédito).

Para as empresas haverá a vantagem de poder só fazer transferências no dia do pagamento dos salários sem que o dinheiro fique cativo por um dia.

Os pagamentos por débitos diretos cresceram 7,3% em 2023 e cada transação teve um valor médio de 165,8 euros.

O relatório revela ainda que mais de 75% das rejeições continuou a decorrer da insuficiência de provisões em conta.

O relatório revela ainda que em 2023 o BdP recebeu seis reclamações por alegadas discriminações dos IBAN praticados, sobretudo por entidades beneficiárias de débitos diretos (sobretudo por causa da não aceitação de IBAN de outros Estados-Membros, ou com IBAN não iniciado por PT50).

Por fim temos os cheques que apesar de estarem em desuso ainda mexem. Em 2023 o pagamento por cheques tem o rácio mensal de 31 por mil habitantes, a nível nacional.

Bragança foi a região com maior rácio de uso de cheques (91/1.000 habitantes) e com um valor médio de cheques passados de 2.445 euros. Isto coincide com o facto de ser a zona com maior índice de envelhecimento e menor cobertura da rede de acesso ao numerário, tem maior utilização de cheques.

Os pagamentos caíram 22,3% em quantidade em 2023 e 5,6% em montante.

(Atualizada)

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