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Faturação da Melom e Querido Mudei a Casa Obras desce para 32,5 milhões em 2023 após fim do acordo com Leroy Merlin

CEO diz ao Jornal Económico que a empresa considera o resultado “muito bom”, porque levou a um acréscimo das operações diretas das duas marcas em quase 20%, o equivalente a cinco milhões de euros. João Carvalho deixa ainda sugestões ao novo Governo: usar os certificados energéticos das casas para dar melhores condições fiscais ou no crédito à habitação.
  • © Pedro Fiuza
18 Abril 2024, 08h45

A rede de franchising da Melom e do Querido Mudei a Casa Obras (QMACO) terminou o ano passado uma faturação global de 32,5 milhões euros, o que representa uma queda de 9,5 milhões de euros em relação a 2022. O motivo? O fim da parceria que esta empresa especializada em obras tinha com a Leroy Merlin na área das instalações.

A marca Melom representou a maior fatia deste volume de negócios (25,69 milhões de euros), enquanto a insígnia QMACO faturou 6,81 milhões de euros. No total, foram recebidos 9.920 pedidos de orçamento de obras que resultaram em 4.762 adjudicações, de acordo com os números avançados ao Jornal Económico (JE) pelo CEO.

“Pusemos o enfoque da nossa operação na atividade das nossas duas marcas. Tivemos essa possibilidade por termos descontinuado a parceria com a Leroy Merlin. Grosso modo, tínhamos três grandes operações: insígnia Melom, insígnia Querido Mudei a Casa e instalações Leroy Merlin. Agora focámos a nossa estratégia no apoio exclusivo às duas marcas, o que deu frutos, porque conseguimos subir na exploração das marcas quase 20% (cinco milhões de euros)”, afirmou.

João Carvalho acha que foi um resultado “expectável”, por não ter a alavancagem das instalações Leroy Merlin, e também “muito bom”, por leva ao acréscimo das operações diretas da empresa. De facto, o valor médio de obra aumentou 14,2% para 32.999 euros na Melom e 9,6% para 14.262 euros na QMACO em 2023. As remodelações gerais (591) e os trabalhos de pintura (152) continuaram a ser o género de obras mais pedidas pelos portugueses, seguindo-se canalização, pavimentos, bricolage, instalações e cozinhas.

“Ano de cortar fitas” para mais 30 lojas Querido Mudei a Casa em 2024

Depois de anunciar a reestruturação das franquias no ano passado, materializada na presença da marca Querido em loja, a empresa está agora a implementar a regra mais a fundo: os novos franqueados têm de abrir loja e showroom. Logo, como o plano é crescer 30 franquias em 2024, haverá mais 30 lojas QMACO.

Só neste mês de abril abriu uma loja em Sines (soft opening) e outra na Amadora. Atualmente, contabilizam-se 51 lojas da marca em Portugal. “Este processo de muitas aberturas é porque muita da rede está a aderir ao conceito de abrir lojas e todos os novos que abrimos já é com a loja. Não diria que todas [as 30] possam abrir ainda este ano, porque havemos de ter contratos em novembro ou dezembro, mas é o ano de cortar fitas”, afiançou João Carvalho.

Porém, como uma loja representa maiores custos, por causa do investimento em staff de arquitetos e arrendamento do espaço, as operações que a empresa abrir “têm de ser mais performances e obrigam a que os planos de negócios sejam mais ambiciosos”. A estimativa é que o crescimento dessas operações seja de, pelo menos, de 15% em 2024.

Recentemente, o grupo assinou 19 novos contratos de franquia – oito da Melom e onze da Querido Mudei a Casa – sobretudo nos concelhos de Lisboa, Cascais e Oeiras, onde cada município ganhou três novos franchisados. Ainda assim, o número de franchisados ativos nas marcas caiu de 120 franchisados para 117 franchisados em 2023 devido a uma “política de expansão mais seletiva”. A venda de franquias também foi menor – de 40 em 2022 para 19 em 2023 -, mas onze dessas novas abriram loja.

Em declarações ao JE, o CEO da Melom e QMACO deixa ainda sugestões de medidas para o novo Governo: IVA reduzido nas obras de requalificação e remodelação de imóveis para combater a pobreza energética e utilização dos certificados energéticos para dar melhores condições fiscais ou até no crédito à habitação. “Alguém que investe num apartamento com classe energética e depois o consegue remodelar para que seja um A+ deveria ser beneficiado fiscalmente ou até no empréstimo dessa casa, porque está a fazer uma melhoria no parque habitacional”, propõe.

Questionado sobre como é que o aumento dos custos de construção e escassez de mão-de-obra que a indústria enfrenta têm impactado a empresa, João Carvalho respondeu que tanto há um efeito negativo na procura, uma vez que “os clientes têm mais medo”, como um positivo no negócio.

“Porquê? O contexto de dificuldade na execução da obra leva a que os clientes procurem um parceiro que lhes pareça mais organizado. Não estou a dizer que não temos os mesmos problemas que um empresário da construção civil, mas temos um ecossistema maior e podemos fazer sinergias entre franchisados da mesma rede. Há mais facilidade em conhecer colegas que possam ter mão-de-obra”, argumentou, dando como exemplo um que dedica só à instalação de ares condicionados.

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