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Força Aérea e NAV chegam a acordo para reforçar capacidade do aeroporto de Lisboa

Os aviões vão ter um novo sistema de aproximação à pista a partir de abril do próximo ano, com a cedência de espaço por parte das bases aéreas de Sintra e de Monte Real.
Rafael Marchante/Reuters
25 Novembro 2019, 13h09

A Força Aérea e a NAV, empresa pública responsável pela gestão da navegação aérea em Portugal, chegaram a acordo para garantir o reforço da capacidade do aeroporto Humberto Delgado, dos atuais 44 para futuros 72 movimentos por hora.

Esta é mais uma peça no processo de ampliação de capacidade do aeroporto da capital, que do lado terra, vai obrigar a seis meses de obras na pista a carga da concessionária ANA, detida pelo Grupo Vinci, assim como em outras áreas do aeroporto, como os terminais de passageiros. Essas obras vão obrigar ao encerramento do aeroporto Humberto Delgado entre as 11h30m da noite e as 05h30m no período entre janeiro e junho do próximo ano.

Segundo um comunicado da NAV, “a INFANAV, entidade que tem a seu cargo a gestão estratégica do espaço aéreo, aprovou a 23 de outubro o projeto para a reorganização do espaço aéreo da Área
Terminal de Lisboa (ATL)”.

“O projecto foi preparado pelo Grupo de Trabalho Espaço Aéreo (GTEA) de acordo com o determinado pelo n.º 1 da Resolução do Conselho de Ministros 94/2019”, adianta o referido comunicado.

Os responsáveis da NAV adiantam que “este projecto prevê a reorganização e conciliação da utilização civil e militar do espaço aéreo da região de Lisboa e a sua aprovação significa que estão reunidas as condições para aumentar gradualmente a capacidade da ATL até aos 72 movimentos/hora”.

Para aumentar a capacidade da Portela do lado ar, está previsto que a força Aérea ceda espaço aéreo atualmente alocado à base aérea de Sintra e também parte do espaço aérea dedicado à base aérea de Monte Real.

“No entender do GTEA, a conjugação dos termos previstos na Carta de Operação entre a Força Aérea e a NAV Portugal assinada no passado 28 de junho de 2019 que prevê a cedência de espaço aéreo de Sintra, com os termos já acordados para a futura Carta de Operação a celebrar entre as mesmas entidades mas para a cedência parcial do espaço aéreo de Monte Real, garantem as condições necessárias para se avançar com o aumento gradual da capacidade do sistema aeroportuário de Lisboa até 72 movimentos/hora – valor que compara com os atuais 44”, revela o referido comunicado.

Os responsáveis da NAV explicam ainda que “os termos previstos nestes acordos entre a Força Aérea e a NAV prevêem a cedência de espaço aéreo de Sintra a partir de abril de 2020 e a cedência parcial do espaço aéreo de Monte Real a partir do Verão IATA 2021 [os verões IATA começam nos últimos domingos de março e terminam nos últimos sábados de outubro]”.

A vantagem do novo sistema de ‘Point Merge’

“No caso de Sintra, o objectivo visa a viabilização do ‘Point Merge System’ já a partir de abril de 2020”, avança o referido comunicado da NAV.

De acordo com a NAV, o ‘Point Merge System’ é um novo sistema de encaminhamento de tráfego que irá substituir as esperas em círculo por esperas lineares associadas à extensão da rota a percorrer.

“O PMS vai permitir reestruturar o espaço aéreo e reduzir atrasos através de uma gestão de tráfego de maior antecedência e precisão. Através dos acordos são redefinidos limites verticais e laterais do espaço aéreo sob jurisdição militar, assim como limites verticais da ATL de modo a permitir novos
procedimentos para o aeródromo de Cascais. Os acordos foram desenhados de forma a garantir igualmente a execução das missões da Força Aérea, necessárias para assegurar a prontidão do seu sistema de forças”, explicam os responsáveis da NAV.

Numa entrevista no passado dia 22 de novembro ao Jornal Económico, José Lopes, diretor da easyJet para Portugal adiantava esta questão: “Repare que as obras [no aeroporto da Portela] não se limitam à pista e às saídas rápidas, estendem-se também a uma nova torre de controlo, à introdução de um novo ‘software’, a aumentar os terminais e também a uma questão que está a ser implementada, que tem a ver com o ‘point merge’ de aproximação à pista do Humberto Delgado”.

Questionado sobre o que era esta projeto, José Lopes explicou que “está a ser desenvolvido pela NAV”.

“Está previsto arrancar no início do próximo ano. Será uma grande mais-valia para a disponibilização de mais oferta para o aeroporto Humberto Delgado, principalmente quando terminarem as obras. Quer dizer que, hoje em dia, os aviões para aterrarem na Portela, são diretamente direcionados num canal de aproximação à pista e quando qualquer ocorrência sucede são obrigados a sair dessa ‘fila’ e voltar para a última posição, com todos de tempo e de combustível, emissões poluentes, transtorno para os passageiros. O que está previsto é que se crie uma espécie de funil circular no espaço aéreo de aproximação à p+osta, que vai evitar esses contratempos e e esses custos desnecessários”, revelou José Lopes.

No entender da NAV, “a reorganização operacional do espaço aéreo em curso não só irá aumentar a capacidade aeroportuária de Lisboa, como oferecerá uma estrutura de espaço aéreo mais eficiente, permitindo uma melhor gestão do tráfego na fase de aproximação a Lisboa e, desta forma, a redução de atrasos e do total de emissões de gases de estufa associadas ao transporte aéreo”.

Recorde-se que o GTEA foi criado por decisão do Órgão para a Coordenação da Gestão e Uso do Espaço Aéreo (OCEA) e integrou representantes da Autoridade Aeronáutica Nacional, da Autoridade Nacional da Aviação Civil, da Força Aérea Portuguesa e da NAV Portugal.

“Este grupo de trabalho analisou a operação do espaço aéreo e avançou com propostas para o adaptar, compatibilizar e otimizar, assim como para aumentar a eficiência da coordenação civil-militar, propostas das quais resultou o projeto agora aprovado”, garante o referido comunicado, acrescentando que “a aprovação do projecto determinado pelo n.º 1 da RCM 94/2019 significa o cumprimento integral das tarefas atribuídas ao GTEA que, todavia, deverá voltar a ser reunido assim que avançarem os processos de reorganização do dispositivo da Força Aérea e da implementação do aeroporto complementar de Lisboa.

A NAV Portugal tem como missão a prestação de serviços de navegação aérea no espaço aéreo sob responsabilidade de Portugal, dividido em duas regiões de informação de Voo: RIV de Lisboa, que compreende toda a área de Portugal Continental e arquipélago da Madeira, e RIV de Santa Maria, que compreende o arquipélago dos Açores e uma vasta área do Oceano Atlântico Norte.

A empresa possui um centro de controlo de tráfego aéreo em Lisboa e um centro de controlo de tráfego aéreo oceânico em Santa Maria, e torres de Controlo nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal, Porto Santo, Santa Maria, Ponta Delgada, Horta e Flores e no aeródromo de Cascais, além de possuir infraestruturas e sistemas de apoio à navegação aérea em todo o território nacional, controlando mais de meio milhão de voos por ano.

A NAV conta com uma equipa de cerca de mil técnicos altamente qualificados, que asseguram a segurança dos passageiros e aeronaves 24 horas por dia, ao longo de todo o ano.

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