Mais do que avaliar os riscos que a Inteligência Artificial (IA) acarreta para as empresas, é importante que os funcionários e mesmo o board das mesmas tenham formação nesta tecnologia para que possam desenhar uma melhor estratégia. A ideia é partilhada por João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) no debate promovido pela consultora KPMG em parceria com o JE, sobre as conclusões do estudo “Generative AI Governance Survey” que analisa a introdução de ferramentas ligadas à Inteligência Artificial Generativa nas empresas e que promete trazer mudanças significativas a todos os níveis: não só na produtividade como também na governance.
“É difícil o board desenhar um plano estratégico sem saber nada do assunto. O board pode ter a responsabilidade das decisões e é difícil tomar decisões quando não se tem esse conhecimento”, referiu o líder do IPCG no debate moderado pelo diretor do JE, Filipe Alves, e que contou também com a participação de Paulo Paixão, Head of Audit & Assurance da KPMG.
Para João Moreira Rato é preciso analisar a confiança que as empresas colocam na Inteligência Artificial, de modo a perceber o impacto que esta tecnologia pode ter no funcionamento interno e externo das mesmas.
“Acho que alguns dos riscos relevantes com que as empresas têm de se preocupar são as relações entre os funcionários da empresa. Com o tempo estas questões resolvem-se, mas outras podem ficar e são um risco, como a capacidade das equipas tomarem decisões sozinhas. Para fora, se a empresa usa estes modelos de forma indiscriminada pode correr riscos reputacionais altíssimos, porque pode entregar o produto a um consumidor que não é credível”, sublinhou o presidente do IPCG.
Outro dos temas abordados foi a regulamentação europeia relativa à IA, que para João Moreira Rato tentou fazer um balanço entre não colocar em causa a inovação e ao mesmo tempo proteger os clientes das empresas. “Esta regulação tem limitações, porque o pacote em si tem a ver com o avanço da tecnologia e das aplicações. Este pacote classifica o tipo de aplicações conforme o tipo de risco e se forem de risco alto as conformidades são muito maiores”, realçou.
Por outro lado, o presidente do IPCG considera que o problema da regulação europeia é que tira uma fotografia do panorama atual que tenta proibir algumas aplicações que criam manipulação ou desinformação. “Penso que rapidamente esta regulação pode estar fora do prazo, mas é uma tentativa de alguma forma de forçar os conselhos de administração a tomarem uma responsabilidade”, afirmou.
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