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“Fórum BCE trará mais clareza sobre impactos da mudança acelerada”

O Fórum anual do BCE arranca hoje em Sintra, novamente com as mudanças na economia global como pano de fundo. Ao JE o governador Mário Centeno destaca os temas a debater como a heterogeneidade entre economias e a nova arquitetura do comércio mundial. E os efeitos positivos da atuação dos bancos centrais “no cumprimento do seu papel de promotores da estabilidade”.
Mário Centeno
30 Junho 2025, 07h00

O Fórum BCE arranca hoje em Sintra na sua 12.ª edição. Durante três dias será o epicentro da discussão económica mundial, num momento especialmente intenso para a política monetária. O Governador do Banco de Portugal explica ao JE a importância de o evento se realizar em Portugal e destaca as sessões mais relevantes e a qualidade das intervenções a realizar na Penha Longa. Da discussão sobre mercado de trabalho e consumo e poupança à nova arquitetura do comércio mundial, Mário Centeno espera mais clareza quanto ao impacto que a mudança “acelerada” que marca a atualidade trará nos múltiplos canais de transmissão de política monetária.

Com o mote a “Adaptação à mudança: mudanças macroeconómicas e respostas políticas”, Centeno diz ao JE que Esta 12.ª edição do ECB Forum on Central Banking, que mais uma vez decorrerá em Sintra, será centrado num tema desafiante no contexto económico e geopolítico atual: a adaptação à mudança.

Para o governador do Banco de Portugal, “a amplitude do debate e a qualidade excecional das intervenções – focadas no mercado de trabalho, consumo e poupança, heterogeneidade entre economias, arquitetura do comércio mundial, intermediação financeiras não bancária e comunicação – permitirão trazer mais clareza quanto ao impacto que a mudança ‘acelerada’ presente nos nossos dias trará nos múltiplos canais de transmissão de política monetária”.

O debate permitirá também destacar, frisa Mário Centeno, “os efeitos positivos da atuação dos bancos centrais no cumprimento do seu papel de promotores da estabilidade” numa altura em que o BCE baixou taxas de juro para 2%.

Com a inflação já dentro do objetivo, mas com a conjuntura económica ainda envolta numa grande incerteza, a entidade liderada por Christine Lagarde realizou em junho o oitavo corte na sua principal taxa de juro de referência dos últimos doze meses, colocando os juros num nível já considerado neutro e preparando o terreno para poderem vir a realizar uma pausa na próxima reunião de julho que lhes dê tempo, pelo menos até ao final do verão, para medir melhor o impacto da guerra comercial nos preços e na economia.

O BCE regressa, assim, já a partir desta segunda-feira, entre 30 de junho e 2 de julho, arrancando o Fórum com o típico jantar de receção aos convidados e oradores, onde a presidente Christine Lagarde discursará. Sintra transforma-se na capital mundial da política monetária nos próximos três dias, com banqueiros, académicos e especialistas do mercado financeiro a procurarem respostas para a economia mundial. Na Penha Longa marcarão presença, entre outros, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, e Luis de Guindos, vice-presidente do BCE.

Inspirado no simpósio de Jackson Hole nos EUA, o Fórum do BCE reúne anualmente governadores de bancos centrais para discutir os desafios mais prementes da economia global. E a edição deste ano, na celebração do seu 12.º aniversário, realiza-se num ambiente de incerteza, sobretudo depois do ‘Dia da Libertação’ norte-americano ter abanado as fundações do comércio internacional.

O tema principal do fórum reflete a necessidade de os bancos centrais se adaptarem às mudanças estruturais nos mercados de trabalho da área do euro, à transmissão monetária, ao crescimento de instituições financeiras não bancárias e aos novos desenvolvimentos industriais e comerciais.

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