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Fórum para a Competitividade critica PRR e pede foco na saúde, licenciamentos e turismo

O turismo merece particular destaque na nota de Perspetivas Económicas do Fórum, que relembra que o saldo acumulado da balança turística nos seis anos que antecederam a pandemia é equivalente às transferências europeias para Portugal nos próximos nove anos.
22 Abril 2021, 16h17

O Fórum para a Competitividade alerta para as insuficiências do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) europeu e do seu ramo nacional, criticando a falta de rumo para além da digitalização e de referências a áreas chave da economia como o turismo ou a indústria agroalimentar.

Na sua nota de Perspetivas Empresarias de abril, divulgada esta quinta-feira, o organismo refere vários sectores e clusters nos quais seria importante apostar, sublinhando o impacto que o turismo teve na prestação da economia nos últimos anos.

Destacando que a atividade turística representou, nos últimos seis anos, os mesmos 60 mil milhões que serão atribuídos a Portugal entre 2021 e 2029, a publicação refere ainda os casos da biotecnologia, tecnologias da saúde, materiais, mobilidade, novas tecnologias e aeronáutica como áreas a desenvolver no tecido produtivo nacional.

Para atingir o difícil objetivo de retoma do sector do turismo já este verão, o órgão sugere que as autoridades portuguesas almejem a vacinar 120% da média europeia, garantindo segurança para os viajantes que escolherem Portugal para passar férias.

Além destas, a indústria portuguesa beneficiaria de uma aposta forte na metalomecânica ligeira, bioquímica, cerâmica, madeira, calçado, automóvel e aeronáutica, têxtil e vestuário farmacêutico, cortiça, ambiente e energia, aponta o think-tank.

Para tal, o Governo é exortado a privilegiar as médias e grandes empresas nacionais, dada a dificuldade das pequenas empresas nacionais em terem processos autónomos, definir “empresas-âncora” em cada sector e cluster e atualizar o sistema de incentivos para considerar igualmente a inovação de processo, em vez de predominantemente a de produto.

Quanto a estes mesmos incentivos, a ideia é que sejam focados na promoção de fusões e aquisições que permitam maior escala e massa crítica, sendo que o Banco de Fomento deveria desempenhar um papel importante na injeção de quasi-capital nas empresas resultantes destas operações.

Na sua apreciação do plano desenhado pela Comissão Europeia para a recuperação económica nacional, o Fórum critica a falta de linhas orientadoras para lá do propósito da digitalização, antecipando que não será com este motor “que nos será permitido atingir os objetivos necessários de crescimento”.

Questionando o papel do Estado como recipiente destes fundos, o órgão sugere que, em vez de se distribuir a totalidade do pacote de forma igual entre as várias componentes do sector público, estes fossem canalizados sobretudo para a área da saúde e do licenciamento. Ao invés, o cenário atual deixa adivinhar “uma pesada herança de custos de funcionamento, insustentáveis sem bazucas adicionais”, dada a falta de metas definidas.

Adicionalmente, o relatório questiona como se processará a digitalização das administrações públicas, às quais é reconhecido um problema gravoso de eficiência.

“Pretende digitalizar-se o complexo de procedimentos existentes?”, questiona o Fórum, indicando a necessidade de uma reforma do Estado e da Justiça que evitem os atuais travões ao investimento.

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