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Fórum para a Competitividade destaca fraco aumento da produtividade desde 2015

A instituição compara a evolução do PIB e do emprego com a da produtividade nos últimos oito anos para argumentar que “apenas tivemos crescimento em quantidade, mas não em qualidade”. Ainda assim, as estimativas do crescimento para este ano e o próximo ficam em linha com as do Governo.
19 Outubro 2023, 14h06

A economia portuguesa deve avançar entre 2% e 2,2% este ano, estima o Fórum para a Competitividade, um intervalo em linha com a previsão do Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), que aponta a 2,2%. Para o próximo ano, o think-tank antecipa um avanço entre 1,2% e 1,6%, ou seja, também em linha com a projeção de 1,5% do Executivo, isto apesar de a produtividade continuar fraca no país, um fenómeno explicado parcialmente pelo decréscimo do capital por trabalhador desde 2015.

As previsões do Governo ficam em linha com as da instituição liderada por Pedro Ferraz da Costa, isto apesar de o consumo se manter “muito moderado” e a inflação ter riscos ascendentes fortes. Para a pressão nos preços, a expectativa é que 2023 feche com uma subida entre 4,6% e 5%, valor que desce para um intervalo entre 2,8% e 3,6% no próximo ano.

Olhando para a política orçamental para 2024, o Fórum classifica-a como “moderadamente expansionista”, dada a redução prevista do excedente de 0,8% para 0,2%.

O crescimento será novamente sustentado pelo consumo, isto apesar de a confiança das famílias ter quebrado em agosto, lê-se na nota. Ao mesmo tempo, a poupança deu sinais tímidos de recuperação, isto depois de recuar desde o início do ano, um movimento “que não era sustentável”.

“A partir de meados do ano, é possível que comece a haver uma descida ligeira das Euribor, o que poderá abrir algum espaço para as famílias, também pela abertura de perspetivas de quedas sucessivas no futuro próximo”, refere a nota assinada por Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum.

Olhando precisamente para o crédito, as operações de financiamento das empresas cresceram, no trimestre terminado em julho, 5,5% em termos homólogos, isto apesar da subida dos juros na zona euro. Por outro lado, “o crédito de cobrança duvidosa permaneceu próximo de níveis mínimos” e o stock total em dívida pelas sociedades não-financeiras nacionais recuou 5,7% em comparação com igual período do ano passado.

“Segundo os bancos comerciais, observou-se uma contração da procura de empréstimos por parte das empresas, com especial incidência nos empréstimos de longo-prazo, tendo para isso contribuído o aumento das taxas de juro, bem como menores necessidades de financiamento para investimento fixo dada a melhoria da geração interna de fundos”, resume o Fórum.

Precisamente olhando para o capital das empresas, o rácio por trabalhador tem vindo a decrescer desde 2015, algo que contribui para o crescimento dececionante deste intervalo. Apesar de ter crescido acima da média europeia, a convergência tem sido marginal, levando o Fórum a argumentar que “Portugal precisa de ter o PIB a crescer acima dos 3% para convergir com a UE, para deixar de ser ultrapassado por tantos outros Estados Membros e para ter um crescimento robusto dos salários e a única forma de o conseguir é através da aceleração do aumento da produtividade”.

Pelo contrário, no intervalo em consideração, “o PIB cresceu 15,1% (média de 2,0%) e o emprego 10,6% (média de 1,4%) e a produtividade apenas 4,1% (média de 0,6%)”, levando a instituição a falar num crescimento “insuficiente, embora a evolução do emprego até tenha sido significativa, com a criação de 483,6 mil empregos”.

“O grande problema e o maior bloqueio a um desempenho mais robusto foi e continua a ser o fraquíssimo desempenho da produtividade. Ou seja, apenas tivemos crescimento em quantidade, mas não em qualidade”, resume.

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