Apesar do crescimento próximo de zero em cadeia nos últimos dois trimestres, Portugal mantém-se em linha para crescer entre 1,6% e 1,7% este ano, segundo as projeções do Fórum para a Competitividade, que se mostra menos otimista do que o Governo. Caso a conjuntura internacional não complique a situação económica nacional, 2025 pode trazer um crescimento acima de 2%, com o país a beneficiar das descidas do IRS e dos juros diretores na zona euro.
A nota de conjuntura de novembro do Fórum destaca a estabilização do crescimento em cadeia no terceiro trimestre em 0,2%, que até refletiu uma aceleração em termos homólogos de 1,6% para 1,9% e permite ao país manter-se em linha para o crescimento projetado pela instituição para este ano, ou seja, entre 1,6% e 1,7%. Esta projeção fica marginalmente abaixo da do Governo, que aponta para 1,8% de avanço do PIB este ano.
Ainda assim, a incerteza continua elevada e a tendência será para continuar a aumentar com o regresso de Donald Trump à Casa Branca. A ameaça de tarifas à zona euro levanta preocupações do lado do crescimento e, com Portugal a tentar ganhar quota de mercado no comércio externo, tal poderá ter impactos negativos no PIB nacional.
Junta-se a isto a tensão política em França e a indefinição na Alemanha, outros dois focos de instabilidade no seio do bloco europeu.
“Segundo a Comissão Europeia, o quarto trimestre será de abrandamento na zona euro, pelo que Portugal estaria em contraciclo, mas há alguns efeitos nacionais que o justificam, em particular, a alteração nas tabelas de retenção do IRS e os suplementos de reforma”, explica a nota, embora aponte como principal efeito positivo a esperada descida das taxas de juro.
“O investimento poderá beneficiar da continuação de descida das taxas de juro”, isto depois de ter voltado a desiludir no terceiro trimestre, com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a continuar a enfrentar atrasos.
“O valor de projetos aprovados subiu 225 milhões de euros para 20 099 milhões de euros (90% do PRR), enquanto os pagamentos a Beneficiários Diretos e Finais subiram apenas 200 milhões para 5 795 milhões de euros (26% do total), persistindo as dificuldades de execução”, ilustra a nota assinada por Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum.
Outro fator que contribuirá para o crescimento nos próximos trimestres é a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), sobretudo dado que a proposta orçamental aparenta “não ter sido desvirtuada no essencial”, como pedia o Governo.
“Aparentemente, as novas medidas aprovadas representarão cerca de 300 milhões de euros de despesa adicional, equivalentes a 0,1% do PIB, o que não deverá colocar em causa as metas orçamentais. Mais importante do que isso deverão ser as surpresas sobre a economia, sobretudo em termos do cenário macroeconómico internacional, que permanece rodeado de um nível muito elevado de incerteza”, lê-se na nota.
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