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Fórum para a Competitividade vê economia a cair até 4% este ano

O novo confinamento e os atrasos na distribuição das vacinas, associados a uma elevada incerteza, levaram o Fórum para a Competitividade a mostrar-se mais pessimista e rever em baixa as projeções para o PIB.
  • Rafael Marchante/Reuters
1 Fevereiro 2021, 12h25

O Fórum para a Competitividade está mais pessimista e reviu em baixa as projeções para o PIB este ano, para um intervalo entre uma contração de 4% a um crescimento de 1%. Considerando que existe um “conjunto alargado” de fatores que acarretam elevada incerteza, o gabinete de estudos da instituição antecipa que o turismo ainda sofra mais este ano do que no ano passado.

“Somos forçados a uma forte revisão em baixa da nossa estimativa do PIB para 2021, para entre -4% e +1%, por um conjunto alargado e significativo de fatores, não deixando de sublinhar a envolvente de excecional incerteza de uma pandemia sem precedentes nos últimos 100 anos”, lê-se na nota de conjuntura, divulgada esta segunda-feira.

Entre os fatores que levam a um maior pessimismo do Fórum para a Competitividade estão as atrasos na produção de vacinas e a na distribuição, a revisão em baixa dos crescimento na zona euro, uma “política orçamental recessiva”, bem como “novos confinamentos com contornos mais gravosos”.

“Foram decididos novos confinamentos, com duração incerta, mas elevada probabilidade de ser prolongada. Para além disso, a proibição de circulação entre concelhos destrói o turismo”, assinala o relatório, elencando ainda “as restrições sem justificação sanitária”, entre as quais aponta “a proibição de vendas de vestuário e outros artigos nas grandes superfícies é mais uma intervenção recessiva, sem qualquer justificação sanitária, que não beneficia em nada o pequeno comércio e prejudica, e muito, a indústria têxtil”, defendendo que “seria preferível ajudar a distribuição de pequena escala a evoluir na digitalização”.

O setor do turismo é também identificado pelo Fórum como um dos mais penalizados, antecipando uma “forte probabilidade de ter um 2021 pior do que 2020. A Páscoa é já dada como perdida, tal como o início do verão”, defendendo que o terceiro trimestre – “o decisivo”, está “extremamente condicionado pela envolvente externa e interna, em particular na evolução dos casos em Portugal e na distribuição das vacinas” e que o prolongamento previsto das aulas no verão deverá afetar muitas famílias e os professores, “um grupo consumidor importante”.

Crítica ainda o que considera serem os “apoios insuficientes a famílias e empresas”, sustentando que “neste momento, após demasiado tempo de apoios insuficientes, demasiadas empresas estão a esgotar as suas reservas e deixarão em breve de poder resistir”, acrescentando ainda que os primeiros dados do ano são “muito fracos”.

“O ano iniciou-se com diminuição da confiança em vários sectores e, onde ela não caiu, o mais provável é que isso aconteça em breve. A indústria do vestuário e o turismo, em particular, têm perspetivas muito negativas para o primeiro quadrimestre do ano”, refere.

Acusa ainda o Governo de não preparar as contas públicas para a recessão. “O governo português tem estado, desde o início, a tentar poupar dinheiro na luta contra a pandemia, porque gastou o que não devia e até o que não havia, com destaque para a semana das 35 horas, que fragilizaram as contas públicas, a administração pública em geral e o SNS em particular”, vinca.

PIB do quarto trimestre com queda de 2% a 5%

O gabinete de estudos liderado por Pedro Braz Teixeira, projeta ainda uma nova quebra no quarto trimestre, entre 2% e 5%, de que terá resultado uma variação homóloga entre 8% e 11%, conduzindo o PIB do conjunto do ano de 2020 a cair entre 8% e 10%. A primeira estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística será divulgada esta terça-feira.

“Em termos sectoriais, destaque-se, pela negativa, o turismo, com proveitos a cair em torno de 80% e, pela positiva, a construção, que terá conseguido ter um nível de atividade muito próxima do registado no período homólogo”, refere, acrescentando que “no comércio a retalho, o segmento alimentar e de bebidas terá conseguido crescer, mas de forma insuficiente para compensar o resto do sector, sobretudo o vestuário e calçado, onde as quebras foram superiores a 30% no trimestre”.

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