[weglot_switcher]

França apresenta plano orçamental para poupar 43,8 mil milhões de euros

François Bayrou, primeiro-ministro, apresentou as linhas gerais de um plano de recuperação orçamental que considera “vital” para evitar que a dívida fique fora de controlo. Entre despedimentos e congelamentos, o setor da defesa sai reforçado.
François Bayrou
Francois Bayrou, leader of French centrist party MoDem (Mouvement Democrate), arrives to attend the second plenary session of the Conseil National de la Refondation (CNR – National Council for Refoundation) at the Elysee Palace in Paris, France, December 12, 2022. REUTERS/Gonzalo Fuentes
16 Julho 2025, 10h23

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, apresentou as linhas gerais de um plano de recuperação orçamental que considera “vital” para evitar que a dívida fique fora de controlo – e uma das principais medidas é “um ano em branco”, ou seja, o congelamento em 2026 das tabelas fiscais, das prestações da segurança social e das pensões de reforma ao nível de 2025. O objetivo declarado é travar a inflação sem aumentar os impostos. “É um esforço comedido, mas partilhado e necessário”, declarou Bayrou.

Mas o plano tem também em perspetiva a supressão de três mil postos de trabalho na função pública até 2026. Além disso, um em cada três funcionários públicos que se reformarem não seria substituído. Outra medida prevista é a supressão de dois feriados por ano (a França tem um total de 11): a segunda-feira de Páscoa e o dia 8 de maio, em que se comemora a vitória sobre a Alemanha nazi – o que, disse, permitiria aumentar a produtividade sem aumentar os impostos ou o IVA.

O primeiro-ministro falou também da introdução de uma contribuição de solidariedade excecional para os contribuintes mais ricos. Resta saber qual será o limiar de rendimento e se a medida será permanente ou temporária. Bayrou prometeu ainda lutar mais contra certos nichos fiscais. E defendeu estas medidas, alertando para o facto de a situação orçamental estar “muito próxima do ponto de rutura”, numa altura em que a dívida do país ultrapassa os 3.300 mil milhões de euros. (113% do PIB, o que coloca o país no top3 dos mais endividados).

Seguindo as recomendações do presidente francês Emmanuel Macron, invocando a situação de tensão na Ucrânia e na região do Indo-Pacífico e tendo em vista os acordos assinados em Haia na última cimeira da NATO, o primeiro-ministro disse que não seriam feitos cortes na defesa nacional. Pelo contrário, 3,5 mil milhões de euros serão incluídos no orçamento de 2026, com mais 3 mil milhões de euros em 2027. Ou seja, como dizem muitos analistas, a narrativa de que é possível aumentar a despesa na defesa sem retirar financiamento a outras áreas é pura ficção.

O país está agora suspenso das reações da oposição, que ameaçou o governo de avançar com uma moção de censura na altura da votação do orçamento no outono. Bayrou teria muitas dificuldades em sobreviver à moção se, como no passado, a esquerda e a extrema-direita votassem no mesmo sentido.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.