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França: Braço de ferro na esquerda e dissensões no campo presidencial 5 dias após legislativas

Cinco dias após as eleições legislativas em França, permanecem divergências no campo alargado da esquerda e as dissensões no campo presidencial, com os partidos incapazes de formar uma maioria governamental e indicar um líder, refere a agência noticiosa AFP.
7 – Franca
12 Julho 2024, 21h51

A união das esquerdas da Nova Frente Popular (NFP), que venceu a segunda volta das legislativas contra todas as expectativas, mas sem maioria absoluta, atravessa uma prova de fogo devido aos desacordos entre, designadamente, a França Insubmissa (LFI) do antigo candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon e os socialistas.

Após cinco dias de discussões, ainda não existem sinais de entendimento sobre um nome para o cargo de primeiro-ministro.

“Não é pelo facto de a questão do primeiro-ministro não estar resolvida que nada esteja a avançar”, afirmou a chefe dos ecologistas Marine Tondelier. “É normal que isto demore um pouco de tempo”, acrescentou.

O calendário pode estender-se até 18 de julho, quando os deputados regressarem à Assembleia nacional (câmara baixa do parlamento) para eleger o seu presidente.

A NFP declara-se vencedora, mesmo que lhe faltem 100 deputados, entre os 195 que elegeu, para garantir a maioria absoluta.

Uma situação que a coloca num risco imediato de moção de censura caso consiga formar um governo.

Por outro lado, o campo presidencial, que conseguiu preservar cerca de 160 eleitos, permanece na expectativa e não renunciou em formar uma maioria ao centro.

No entanto, as legislativas antecipadas convocadas pelo Presidente Emmanuel Macron após o fracasso dos seus candidatos nas eleições europeias de 09 de junho deixou as suas marcas.

Hoje, no decurso de uma reunião no Eliseu, Macron lamentou o “espetáculo desastroso” protagonizado nos últimos dias pelo seu campo, que se mostrou renitente em unir-se em torno de Gabriel Attal, primeiro-ministro desde janeiro de 2004.

Agora, surge como o único candidato à presidência do grupo Renaissance (Renascimento) na Assembleia Nacional.

Ainda hoje, Attal comprometeu-se em “proteger os franceses de qualquer governo que inclua ministros provenientes do RN [União Nacional, extrema-direita, de Marine Le Pen] ou da LFI”, numa alocução onde foi confirmado o seu nome à presidência do grupo parlamentar.

Attal será formalmente entronizado no sábado de manhã, na sequência de um voto eletrónico onde vão participar os deputados conotados com o seu grupo, 95 na manhã de hoje.

Esta formalidade conclui uma semana tensa para os “macronistas”, entre persistentes rumores de candidaturas da antiga primeira-ministra Elisabeth Borne ou do ministro do Interior Gérald Darmanin.

Favorita nas sondagens, a extrema-direita corporizada pela RN e seus aliados foi bloqueada pela barragem das outras forças políticas entre as duas voltas do escrutínio.

Esta “frente republicana” relegou a RN para o terceiro lugar e funcionou em particular nas grandes cidades em contraste com as zonas rurais, de acordo com uma análise da AFP dos resultados oficiais por assembleias de voto.

Marine Le Pen, líder da RN, que progrediu nas legislativas ao garantir 140 deputados, mas menos que previsto, já advertiu que o seu partido “vai rejeitar qualquer governo onde LFI e ecologistas possuam responsabilidades ministeriais”.

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