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França chama embaixadores nos EUA e Austrália de volta ao país em protesto ao novo acordo de submarinos nucleares

O acordo é amplamente visto como um esforço para conter a influência da China no contestado Mar do Sul da China. O anúncio foi feito na quarta-feira pelo presidente dos EUA, Joe Biden, pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e pelo respetivo homólogo australiano, Scott Morrison.
  • 9 – França
18 Setembro 2021, 11h28

O governo francês disse que está a chamar de volta os seus embaixadores nos EUA e na Austrália para “consultas”, em protesto contra um acordo de segurança bilionário, que consiste na criação da aliança ‘Aukus’, para que a Austrália receba tecnologia que permita desenvolver e construir submarinos nucleares. Paris não gostou de ficar de fora e considera o comportamento dos parceiros estratégicos “inaceitável”, segundo a “BBC”.

O chanceler francês disse que a “decisão excecional” foi justificada pela “gravidade excecional” da situação. A medida irritou a França, por significar o fim de um acordo bilionário que havia assinado com a Austrália.

O acordo é amplamente visto como um esforço para conter a influência da China no contestado Mar do Sul da China. O anúncio foi feito na quarta-feira pelo presidente dos EUA, Joe Biden, pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e pelo respetivo homólogo australiano, Scott Morrison.

A França foi informada da aliança poucas horas antes de o anúncio público ser feito. Através de um comunicado, o ministro dos Negócios Estrangeiro francês, Jean-Yves Le Drian, descreveu o pacto como uma “facada nas costas” e avisou que os embaixadores estão a ser chamados de volta a pedido do presidente Emmanuel Macron.

O acordo “constitui um comportamento inaceitável entre aliados e parceiros cujas consequências afetam diretamente a visão que temos das nossas alianças, das nossas parcerias e da importância do Indo-Pacífico para a Europa”, disse Le Drian.

Um funcionário da Casa Branca, citado pela “BBC”, disse que o governo Biden lamentava a mudança e entraria em diálogo com a França nos próximos dias para resolverem as suas diferenças.

Por sua vez, a presidente australiana, Marise Payne, disse que compreende a “deceção” do governo francês e espera trabalhar com o país para garantir que compreenda “o valor que atribuímos à relação bilateral”.

A convocação de embaixadores é altamente incomum entre os aliados e acredita-se que seja a primeira vez que a França convoca enviados dos dois países. Diplomatas franceses em Washington já tinham cancelado uma gala para celebrar os laços entre os EUA e a França, marcada para sexta-feira, dia 18 de setembro.

As autoridades francesas ficaram ainda mais furiosas por ouvirem falar sobre o acordo poucas horas antes do anúncio público, e era parte de um novo acordo de segurança envolvendo três países, incluindo o Reino Unido – também uma surpresa completa, disseram eles.

O novo acordo significa que a Austrália se tornará apenas a sétima nação do mundo a operar submarinos com propulsão nuclear. Também verá os aliados compartilharem capacidades cibernéticas, inteligência artificial e outras tecnologias submarinas.

O anúncio encerrou um negócio no valor de 37 mil milhões de dólares (31,5 mil milhões de euros) que a França havia assinado com a Austrália em 2016 para construir 12 submarinos convencionais. A China, entretanto, acusou as três potências envolvidas no pacto de terem uma “mentalidade de Guerra Fria”.

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