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França: crise política e extrema-direita preocupam Goldman Sachs

O banco norte-americano considera que um desalinhamento entre governo e presidência tem implicações negativas na dívida do país.
11 Junho 2024, 11h56

Após uma grande vitória da extrema-direita francesa nas eleições europeias, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a câmara baixa do parlamento, com o atual governo em regime de gestão até que as eleições legislativas antecipadas sejam realizadas em 30 de junho e 7 de julho. “Vemos uma incerteza significativa em torno da comparação entre os resultados das eleições europeias e os das próximas eleições legislativas. A principal razão é que o sistema de votação difere, com o sistema de duas volta usado em eleições legislativas a constituir muitas vezes uma desvantagem para a extrema direita (ou para extrema esquerda)”, refere um research da Goldman Sachs.

O banco norte-americano mostra-se preocupado com a “considerável incerteza” que está associada às eleições antecipadas decididas pelo presidente de França. “Existe a possibilidade de que as próximas eleições resultarem num status quo em que os aliados de Macron e o centro-direita se somam numa maioria absoluta. Em segundo lugar, a extrema-direita poderia liderar as sondagens, mas ainda assim ficar aquém de uma maioria absoluta. As duas opções resultantes seriam entre um governo de minoria de extrema-direita ou um governo de coligação central mais amplo que incluem a centro-esquerda”.

Para a Goldman Sachs há ainda outro perigo: “a extrema-direita poderia garantir uma maioria absoluta e receber um mandato inequívoco para governar. As políticas económicas e fiscais estão sob a alçada do governo e serão diretamente afetadas pelas as próximas eleições”. “É mais difícil avaliar o potenciais das implicações económicas de um governo de extrema-direita, em particular devido à ausência de uma plataforma política”.

“Vemos duas formas pelas quais um governo de extrema-direita poderia interferir na política económica. Em primeiro lugar, algumas das propostas políticas da extrema-direita relativamente ao mercado único e as restrições à imigração seriam provavelmente consideradas conflitantes com a legislação europeia e poderá criar fricções no diálogo com Bruxelas. Em segundo lugar, grandes passos institucionais a nível europeu – como a emissão de dívida comum e a adesão da Ucrânia à União Europeia – provavelmente iriam exigir aprovação parlamentar, que poderá ser prejudicada por um bloqueio de uma maioria da extrema-direita”.

Sendo certo que “as questões económicas e fiscais em França estão sob a alçada do governo, tal como é responsável perante a câmara baixa do parlamento”, é possível que venha a haver algum desequilíbrio. “A nossa base para as perspetivas orçamentais em França inclui uma melhoria gradual no equilíbrio fiscal, com alguma derrapagem em relação à orientação do governo, resultando num rácio crescente da dívida pública”.

Para o banco, um impasse governamental ou um novo governo desalinhado com o presidente resultaria em “ajustamentos fiscais mais lentos. Não esperaríamos que fossem aprovadas medidas económicas ou fiscais importantes, o que provavelmente limitaria o risco de défices maiores, mas também abrandaria o ritmo de consolidação” da dívida pública. “A ausência de outras medidas estruturais e reformas provavelmente pesaria sobre o crescimento, o que, juntamente com uma consolidação fiscal mais lenta, distorceria os riscos no sentido de novos aumentos no rácio da dívida pública”.

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