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França: défice público e crise política adensam risco para a zona euro

O Governo liderado por Michel Barnier enfrenta um colapso político iminente e pelo meio abriu-se uma crise fiscal protagonizada por défice público que tem vindo a adensar-se a uma pressão dos partidos da oposição para que a despesa pública continue a aumentar.
Michel Barnier
FILE PHOTO: France newly appointed Prime minister Michel Barnier looks on during the handover ceremony at the Hotel Matignon in Paris, France, September 5, 2024. Stephane De Sakutin/Pool via REUTERS/File Photo
2 Dezembro 2024, 09h48

Os principais índices bolsistas europeus abriram a semana no “vermelho” com o francês CAC 40 a liderar essas perdas (desvalorizava 0,95% para 7.165,95 pontos) com a perspetiva da aprovação da moção de censura que deverá derrubar o Governo liderado por Michel Barnier.

Esta segunda-feira, o euro cai mais de 0,6% face ao dólar, o prémio de risco de França dispara para máximos que não se viam desde 2012 (em plena crise das dívidas soberanas do euro) e as bolsas caem com força. Destacam os analistas que a incerteza em torno da estabilidade política francesa está a ditar o pessimismo dos investidores face aos sinais preocupantes que chegam da segunda maior economia da zona euro.

O Governo enfrenta um colapso iminente e pelo meio abriu-se uma crise fiscal protagonizada por défice público que tem vindo a adensar-se a uma pressão dos partidos da oposição para que a despesa pública continue a aumentar.

O partido de extrema-direita francês União Nacional anunciou hoje que vai votar a favor da moção de censura ao Governo do primeiro-ministro, Michel Barnier, a menos que ocorra “um milagre”.

A União Nacional (RN, sigla em francês) vai aprovar, esta semana, a moção de censura “a menos, claro, que haja um milagre de última hora”, anunciou o presidente, Jordan Bardella, após o impasse nas discussões com o executivo sobre o orçamento.

Se a esquerda e a União Nacional, o maior grupo da Assembleia, unirem os votos, o governo francês cairá, na primeira vez desde a queda do governo de Georges Pompidou em 1962. O governo de Barnier tornar-se-ia então o mais curto da história da Quinta República.

“Sim, está decidido (…) sou obrigado a anunciar hoje a moção de censura do governo”, declarou Bardella à rádio francesa RTL.

A União Nacional votará uma moção de censura, com a esquerda, para derrubar o governo, “a menos, é claro, que, por um milagre de última hora, Michel Barnier reveja a cópia até às 15:00 [hora local]. Mas tenho poucas esperanças”, disse Bardella.

A Assembleia Nacional vai votar a leitura final do orçamento da Segurança Social, resultado de um compromisso entre uma comissão de senadores e deputados. Na ausência de uma maioria, o governo deverá anunciar o recurso ao artigo 49.3 da Constituição, numa tentativa de aprovar o texto sem votação.

Tal abriria caminho para uma moção de censura, que poderá ser votada na quarta ou na quinta-feira.

Depois de ter conseguido que o Governo abandonasse o aumento dos impostos sobre a eletricidade e reduzisse a ajuda médica do Estado aos emigrantes sem documentos, o partido de Bardella exigiu novas concessões, nomeadamente no que se refere à reavaliação das pensões de reforma e à inversão da redução do reembolso de certos medicamentos.

Mas “o ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, disse no domingo que o governo já não tencionava ceder”, observou Bardella.

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