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França: previsível aumento da abstenção vai favorecer extrema-direita

Com o eleitorado do RN fidelizado e transferências do centro-direita, ninguém arrisca outro cenário que não seja uma vitória folgada de Jordan Bardella. Resta saber se com maioria absoluta.
5 Julho 2024, 14h00

Dois pressupostos óbvios vão marcar a segunda volta das eleições parlamentares em França: de um lado, os 33% conseguidos pela extrema-direita do Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e Jordan Bardella, são votos fixos (não vão passar para nenhum outro partido); do outro, não está minimamente assegurado que os ‘macronistas’ estejam confortáveis por agregar o seu voto à esquerda, sendo o contrário (o voto da esquerda no partido de Macron) igualmente desconfortável.

Neste contexto, o aumento da abstenção é esperado por todos os analistas – como disse ao JE Francisco Seixas da Costa, profundo conhecedor da realidade francesa, onde foi embaixador – e é um fator que vai favorecer a extrema-direita. Só isto já é suficiente para desequilibrar ainda mais a relação de forças desencadeada pela dissolução do parlamento decidida pelo presidente – e que continua a ser apontada como um verdadeiro ‘tiro no pé’. Além disso, é ainda preciso contar que a dinâmica de vitória que os resultados da primeira volta vão agora alavancar o segundo escrutínio. Ou, dito de outra forma: não há como afastar a extrema-direita do poder – ao nível do executivo.

Com apenas uma exceção: se o RN não conseguir uma maioria absoluta, Emmanuel Macron pode convidar alguém do seu círculo próximo, a quem caberá agregar em seu torno todos os votos que não estiverem indexados aos extremistas. Um plano difícil, mas que é exequível – difícil tanto no que tem a ver com a criação de uma ‘geringonça’, mais uma, como (e principalmente) no convencer os franceses de não se lançarem na rua em ruidosas (leia-se violentas) manifestações. Como diz Seixas da Costa, “Macron pode ensaiar esta alternativa” alavancado naquilo que não se tem cansado de repetir: a sua maior preocupação é manter a extrema-direita fora do núcleo do poder executivo. Mas, como admitiu o comentador de assuntos internacionais, seria muito difícil manter os franceses sossegadamente em casa se o Eliseu avançasse com uma proposta disruptiva deste calibre.

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