A França, que se opõe claramente ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, necessita de obter o apoio de mais países do bloco se quiser travar a entrada em vigor do tratado.
Além das críticas que vêm do Palácio do Eliseu, impulsionadas principalmente pelos agricultores franceses, a Áustria e a Polónia também expressaram resistência ao pacto, enquanto os Países Baixos se mostram cautelosamente contrária.
Já a posição de Itália, apesar das manifestações contra o acordo, permanece indefinida. Por isso, o número de países ainda não é suficiente para bloquear o processo.
Após as negociações em Brasília e a assinatura de um consenso entre a Comissão Europeia e os representantes do Mercosul no Uruguai, o próximo passo será a revisão legal e a tradução do documento para as línguas oficiais dos países envolvidos.
Numa fase posterior, o tratado terá de ser aprovado pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu. Para ser aprovado no Conselho, é necessário o apoio de pelo menos 55% dos países da UE, representando 65% da população total do bloco.
Para travar o acordo, são precisos quatro países contrários, o que, teoricamente, já estaria assegurado, mas com a condição de que esses países representem pelo menos 35% da população. Assim, a posição da Itália torna-se crucial neste cenário.
A situação política interna da França levanta dúvidas sobre a capacidade do presidente Emmanuel Macron de avançar com esta questão, especialmente após a destituição do primeiro-ministro Michel Barnier, que ocupou o cargo por apenas três meses.
Por outro lado, diplomatas do Mercosul apontam que há um forte interesse por parte de países como a Alemanha, a maior economia do bloco, em avançar com o acordo. A Espanha, por sua vez, também está a fazer pressão para que as negociações avancem.
Com a vitória de Donald Trump, tanto a Alemanha quanto a Espanha viram um reforço no apoio ao tratado, embora de forma menos intensa. Além disso, é esperado um lobby considerável do setor industrial europeu, que vê no Mercosul uma oportunidade para expandir o mercado de consumo.
Apesar do descontentamento dos agricultores europeus, os líderes dos países tendem a apoiar a indústria, focando nos benefícios económicos que o acordo pode trazer.
Se o tratado conseguir a aprovação no Conselho Europeu, seguirá então para o Parlamento Europeu, que conta com 720 deputados. Neste caso, a votação requer uma maioria simples que supere apenas os 50%. Se ultrapassar esses obstáculos, o acordo poderá entrar em vigor imediatamente.
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