Os problemas macroeconómicos europeus estão a durar mais do que se esperava, avisou esta quarta-feira Fabio Panetta, membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE). A fraqueza da economia da moeda única está a demorar mais tempo a inverter do que se projetava e, a agravar a situação, o mercado laboral começa a dar sinais de fragilidade. Panetta alerta que a fraqueza da área do euro é mis “persistente do que esperávamos” e que o BCE esperava uma recuperação impulsionada pelo consumo que não se concretizou.
“Após dois trimestres de crescimento nulo na zona euro e tensões no sector industrial, o emprego está a dar sinais de enfraquecimento”, afirmou Panetta num evento em Roma esta quarta-feira, numa altura em que a UE se encontra pressionada a aumentar o investimento em defesa. O consumo interno continua frágil, não dando o suporte que a economia europeia necessitaria num contexto global adverso como o atual.
Dirigindo-se ao comité de direção da Associação Bancária Italiana, o representante do BCE admitiu que esperava “uma recuperação impulsionada pelo consumo”, cenário que “não se materializou”. Pior, o mercado de trabalho, que vinha apresentando uma rigidez histórica e desemprego próximo dos mínimos registados desde a introdução do euro, pode começar a mostrar mais vulnerabilidades nos próximos meses, dificultando ainda mais a recuperação do bloco.
Ainda assim, esta fraqueza deverá ter um efeito negativo sobre a inflação, ajudando a reduzir a pressão inflacionista que se tem sentido no bloco euro, embora com menor intensidade em relação a 2023. Em sentido inverso, o principal risco ascendente sobre o indicador de preços prende-se com a questão energética.
Alerta para regulação excessiva de bancos na Europa
O responsável do BCE defendeu ainda que a Europa deve evitar a regulação excessiva de bancos e também pode considerar a simplificação das regras existentes. Fabio Panetta disse que é importante observar as primeiras medidas que o governo dos Estados Unidos tomará depois de pedir a desregulamentação do setor bancário.
A Europa “também pode regular”, mas “não deve perseguir os EUA” a caminho da desregulamentação do setor bancário, porque seria arriscado estragar o trabalho nos últimos 15 anos após a crise financeira, diz o governador, realçando que “a regulação excessiva deve ser sempre evitada, ainda mais se o mundo começar a seguir uma direção diferente, pois isso geraria uma desvantagem competitiva (para os credores europeus)”.
Considerando as regras existentes, defende, o caminho passa por “avaliar todas as opções para simplificá-las e facilitar a vida dos participantes do mercado”.
Panetta sinalizou ainda preocupação com um recente decreto nos EUA que permite que os bancos tradicionais operem em locais de negociação de criptomoedas.
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