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Freitas do Amaral: José Sócrates destaca “personagem singular” da democracia portuguesa

O antigo primeiro-ministro José Sócrates considerou esta quinta-feira que Freitas do Amaral, que foi seu ministro dos Negócios Estrangeiro, destacou-se como uma “personagem singular” da democracia portuguesa, com vasta cultura política e jurídica e defensor dos direitos individuais.
3 Outubro 2019, 16h52

“Freitas do Amaral foi uma personagem singular da democracia portuguesa”, salienta o antigo líder do PS entre 2004 e 2011, numa nota enviada à agência Lusa sobre a morte do fundador e primeiro líder do CDS, hoje, aos 78 anos.,

José Sócrates refere que Diogo Freitas do Amaral, que integrou o primeiro dos dois Governos que liderou, “exerceu funções políticas do mais alto nível no plano nacional e internacional”.

“Tive a honra de contar com ele no meu Governo como ministro dos Negócios Estrangeiros e pude testemunhar as suas raras qualidades de inteligência e vasta cultura política. Recordo, em especial, a sua fidelidade ao projeto europeu, sustentado nos valores da paz, de uma cultura humanista que sempre orientou a sua intervenção pública, e de uma ordem mundial que procura legitimidade no direito internacional e não apenas na relação de forças”, sustenta o antigo primeiro-ministro socialista.

Nesta nota, José Sócrates evoca também a “admirável cultura jurídica” de Freitas do Amaral “e a corajosa defesa que sempre fez, particularmente em momentos especialmente difíceis, dos direitos individuais como fundamento e legitimidade do Estado de direito democrático”.

“Ao longo de toda a sua carreira política encarou sempre com igual dignidade as vitórias e os insucessos, deixando-nos um impressivo exemplo de cultura democrática. O seu desaparecimento entristece-me profundamente e gostaria de apresentar as mais sentidas condolências a toda a sua família a quem deixo uma palavra de coragem neste momento tão infeliz”, escreve José Sócrates.

Diogo Pinto Freitas do Amaral, professor universitário, nasceu na Póvoa de Varzim em 21 de julho de 1941. Foi líder do CDS, partido que ajudou a fundar em 19 de julho de 1974, vice-primeiro-ministro e ministro em vários governos.

Freitas do Amaral, que estava internado desde 16 de setembro, fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, e mais tarde do PS, entre 2005 e 2006, após ter saído do CDS em 1992.

No final de junho deste ano, Freitas do Amaral lançou o seu terceiro livro de memórias políticas, intitulado “Mais 35 anos de democracia – um percurso singular”, que abrange o período entre 1982 e 2017, editado pela Bertrand.

Nessa ocasião, em que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro líder do CDS e candidato nas presidenciais de 1986 – que perdeu para Mário Soares – recordou o seu “percurso singular” de intervenção política, afirmando que acentuou valores ora de direita ora de esquerda, face às conjunturas, mas sempre “no quadro amplo” da democracia-cristã.

Líder do CDS, primeiro-ministro interino, ministro em governos à esquerda e à direita, presidente da Assembleia-Geral da ONU, disse em entrevista à agência Lusa quando já se encontrava doente, em junho de 2019, que sofreu “um bocado” com a derrota nas presidenciais de 1986, embora tenha conseguido dar a volta, com “uma carreira de um tipo diferente” e partir para “uma série de pequenas vitórias”.

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