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Fundos de private equity destacam a importância do mercado secundário para a saída dos investimentos

Os gestores que participaram no painel disseram que o mercado se tem tornado mais criativo e no que toca à saída dos investimentos e lembraram o papel veículos de continuação (fundos de continuidade). O chamado mercado secundário de private equity.
M&A Cuatrecasas
26 Junho 2025, 13h59

A Bain & Company e a sociedade de advogados Cuatrecasas organizaram esta quinta feira uma conferência sobre fusões e aquisições, intitulada, M&A and Private Equity Outlook – Exploring Growth, Investment Dynamics, and Cross-Border Opportunities.

O painel “Private Equity em Portugal: Tendências e oportunidades para o investimento estrangeiro”, moderado pela advogada e partner da Cuatrecasas, Mariana Norton dos Reis, teve como participantes Inigo Sanchez Asian, fundador da Portobello Capital; Gonzalo Fernandez, Head of Buyout Spain & Portugal da Adrian; João Coelho Borges, fundador da Draycott; José Maria Munoz, fundador do MCH Private Equity; e Lars Becker, fundador da Henko Partners.

“Tornar as empresas maiores significa apenas que podem atrair os mercados internacionais”, defendeu Inigo Sanchez Asian, Founder da Portobello Capital.

Por sua vez, Gonzalo Fernandez, Head of Buyout Spain & Portugal, Managing Director da Adrian, frisou que “os fundos de private equity devolvem capital de 40 a 45% desde 2019, isto é fantástico, mostra significância, mas as saídas estão a tornar-se um problema pois estamos todos no mesmo mercado”.

O gestor espanhol destacou assim a questão da saída dos investimentos, mas foi abordada pelos outros membros do painel. A realidade é que houve uma redução das oportunidades de saída devido às pressões de avaliação e à incerteza macroeconómica que se gerou, defendeu o gestor.

Os participantes no painel disseram também que o mercado se tem tornado mais criativo e no que toca aos investimentos e à saída dos investimentos e lembraram o papel dos veículos de continuação (fundos de continuidade). Ou, seja o chamado mercado secundário de private equity.

Um fundo de continuidade é um novo veículo criado especificamente para adquirir um único ativo da carteira ou múltiplos ativos de um fundo anterior, criando liquidez para os LPs (Investidores) que desejam “retirar o capital”, enquanto o General Partners (GP, ou gestor do fundo) continua a impulsionar o valor dos ativos para os próximos investidores.

João Coelho Borges, Founder da Draycott, era o único fundo de private equity português do painel,  e salientou que “a maioria dos mercados de private equity na Europa, especialmente no sul da Europa e certamente no low mid market e no small mid market, ainda são muito orientados para o relacionamento, por isso o relacionamento é importante, a conectividade local é importante e penso que a maioria dos private equity tem tentado estabelecer redes globais, mas tentam sempre ter uma presença local, tentam ser globais e locais ao mesmo tempo. Mas num mercado mais pequeno como Portugal, isto é um pouco mais difícil de fazer”.

Sobre tendências e oportunidades em investimentos inbound para as private equity em Portugal, o sócio fundador da Draycott, frisou que “no mercado português, as relações são essenciais em private equity, portanto, o fator principal de diferenciação de um fundo local é tentar trabalhar as relações com o seu ecossistema, nomeadamente com os fundadores e donos de empresas, normalmente familiares, para inspirar confiança na escolha como parceiro para uma transação”.

O fundador da Draycott defendeu que “precisamos de desenvolver esta rede local e a proximidade com esta rede local de stakeholders, o que significa empresas familiares, empresas em geral, o que inclui gestores, consultores e, obviamente, Limited Partners (LPs)”. Ou seja, é importante criar uma relação de confiança com os assessores, empresários e investidores.

“Quando investimos fora estamos normalmente a apoiar empresas portuguesas a crescer lá fora e atuamos mais como um comprador estratégico dentro de um sector específico”, acrescenta.

“Em Portugal, na maioria das vezes, os empresários não estão a vender os negócios familiares, não estão a vender 100% da empresa. Normalmente os fundos ficam com uma percentagem do negócio. Portanto os empresários são vendedores, mas também são sócios e querem escolher um acionista para a próxima fase de crescimento das suas empresas. Para isso precisamos de os convencer de que somos locais e de que estamos comprometidos com este mercado a longo prazo”, explicou João Coelho Borges.

Por sua vez, José Maria Munoz, fundador do MCH Private Equity, lembrou que o fundo que gere tem investido em Portugal na área da saúde, mas “mais recentemente, temos visto diferentes setores a ganhar mais interesse, à medida que a economia tem vindo a mudar”.

“Portugal foi percebido como um país onde as pessoas estavam basicamente a concentrar-se em alguns ativos estratégicos nestes setores, com o tempo surgiu uma segunda categoria de empresas que têm atraído interesse, não só com base no valor estratégico dessas empresas e na dimensão, mas também no potencial dessas empresas para se tornarem mais globais ou se expandirem”, acrescentou.

Por fim no painel participou Lars Becker, fundador da Henko Partners, que em Portugal é acionista com 40,5% da Quadrante. Lars Becker corrigiu os seus colegas de painel dizendo que o mercado de private equity português não é de pequena dimensão, mas sim de média dimensão.

“A única forma de realmente duplicar, triplicar, quadruplicar o tamanho da empresa é indo para o estrangeiro. Isto é definitivamente algo que está a impulsionar a expansão internacional. Penso que as empresas portuguesas também têm capacidade para o fazer”, disse o gestor da Henko.

Lars Becker disse ainda que “a minha forma de ver este mercado é que Espanha e Portugal ainda são mercados relativamente imaturos [no mercado de private equity], por isso o nosso desafio não é a competição, o nosso desafio é criar a infraestrutura para criar mais oportunidades no mercado e podermos fazer crescer o mercado com mais fundos de private equity ativos, porque dessa forma mais empreendedores e proprietários de pequenas empresas, aprendem com isso, pelo que acho que tudo contribui realmente para aumentar a dimensão das empresas e ser competitivos, o que é bom para o mercado em conjunto”.

Os participantes do painel consideraram que há interesse da indústria em empresas portuguesas e em empresas espanholas. Embora haja empresas e setores “mais sexy” que outros, destacou o fundador do MCH Private Equity.

Mariana Norton dos Reis, sócia co-coordenadora da área de Societário e M&A da Cuatrecasas, moderadora do painel dedicado às tendências e oportunidades em investimentos inbound para as private equity em Portugal, considera que “esta conferência foi muito interessante para as empresas portuguesas, como uma forma de partilhar conhecimento sobre como converter-se num player global, com experiências recentes de expansão internacional realizadas através de operações relevantes de M&A”.

“Por outro lado, também foi importante para que haja uma interação entre empresas portuguesas e fundos de capital de risco nacionais, ibéricos e internacionais, de forma a conhecerem as oportunidades existentes de receber investimento deste tipo de players e de fazer partnerships com eles, com o objetivo de crescer, expandir e internacionalizar-se”, acrescenta.

 

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