[weglot_switcher]

Furacão Harvey pode ter ‘destruído’ o muro de Trump

O Accuweather estima que o Harvey vai ser o desastre natural mais caro da história dos Estados Unidos. Os constrangimentos orçamentais podem ser tais, que os especialistas acreditam que o furacão impossibilita a construção do muro na fronteira com o México.
  • Reuters
30 Agosto 2017, 18h55

Os Estados Unidos sabiam que o Harvey seria duro, mas quando ele atingiu Houston, no Texas, a 25 de agosto, estariam longe de imaginar que em poucos dias, o furacão se tornaria um dos piores a atingir o país, em muitos anos, com ventos e chuvas que batem recordes em números e em destruição. As consequências – visíveis – ferem qualquer um. Vidas perdidas, famílias inteiras sem nada, empresas paradas, um estado irreconhecível. E o Harvey ainda não se foi embora.

A Reserva Federal norte-americana (FED), os principais bancos, seguradoras, e líderes das empresas começam agora a fazer contas ao impacto da catástrofe. E os números são assustadores.

A Accuweather, por exemplo, estima que o Harvey vai ser o desastre natural mais caro da história dos Estados Unidos. Num relatório publicado a 29 de agosto, a empresa de meteorologia, prevê que a tempestade natural que atingiu o estado do Texas a 25 de agosto, pode ter um custo de 160 mil milhões de dólares, cerca de 133 mil milhões de euros. Um valor que a Accuweather estima, é semelhante ao efeito dos furacões Katrina e Sandy juntos. Se a previsão se confirmar, representará um impacto negativo de 0,8% no PIB dos Estados Unidos, com consequências desastrosas nos negócios, nos resultados das empresas e no emprego.

São estas as previsões com que Donald Trump vai ter de lidar muito brevemente. O presidente dos Estados Unidos, deve reunir os líderes da Câmara dos Representantes e do Senado na próxima semana, quando senadores e congressistas, regressarem aos trabalhos, a 5 de setembro. Na agenda estará a aprovação de um pacote de resgate federal, para ajudar Houston, e que se prevê, será de milhões de dólares. De acordo com o Quartz, depois do furacão Sandy ter atingido o nordeste dos Estados Unidos, em 2012, o Congresso aprovou ajudas de 60 mil milhões de dólares, cerca de 50 mil milhões de euros. fazer face às consequências do desastre.

Mas os desafios do Congresso não ficam por aqui. Até ao final de setembro, está ainda na agenda o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, a aprovação do orçamento federal para o próximo ano, e o financiamento de um programa de saúde para crianças desfavorecidas.

Os especialistas avisam: o tamanho dos desafios, e dos gastos, não parecem deixar muita margem de manobra para que Trump cumpra o prometido: o muro na fronteira com o México. Em termos políticos, porque democratas e muitos republicanos, nunca concordaram com o muro. E depois porque para muitos republicanos, há coisas mais importantes para resolver, como seja a reforma tributária ou a redução da dívida pública. Por outro lado, as restrições orçamentais. Ninguém quer gastar 21,6 mil milhões de dólares na construção do muro, ao longo de três anos. E se isso já era um tema antes, agora, depois de Harvey, tudo piora.

Aquele muro “grande e bonito” com que Trump sonhava, pode ter sido destruído (ainda antes de ter nascido) pelo furacão Harvey. Se as restrições orçamentais o deixaram entre a espada e a parede, o que fará Trump? Reconstruirá Houston ou construirá o muro?

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.