O UBS anunciou em comunicado o que implica para o banco adquirir o rival Credit Suisse depois da conferência de imprensa que decorreu este domingo para dar conta da solução, apadrinhada pelo Governo e pelas autoridades, para salvar o Credit Suisse da falência.
A fusão cria um líder global na gestão de patrimónios 5 biliões de dólares ativos investidos em todo o Grupo
“Espera-se que a combinação crie um negócio com mais de 5 biliões de dólares em activos totais investidos e oportunidades de criação de valor sustentável. Reforçará ainda mais a posição do UBS como principal gestor de patrimónios global sediado na Suíça com mais de 3,4 biliões de dólares em activos investidos numa base combinada, operando nos mercados de crescimento mais atractivos”, lê-se no comunicado.
A transação reforça a posição do UBS como o banco universal líder na Suíça. “Os negócios combinados conduzirão o UBS ao estatuto de um dos principais gestores de activos na Europa, com activos investidos de mais de 1,5 biliões de dólares na Europa”, revela o banco liderado por Colm Kelleher (Chairman) e por Ralph Hamers (CEO).
O presidente do UBS, Colm Kelleher, afirmou em comunicado que “esta aquisição é atractiva para os acionistas do UBS mas, sejamos claros, no que diz respeito ao Credit Suisse, trata-se de um resgate de emergência. Estruturámos uma transação que irá preservar o valor deixado no negócio, limitando ao mesmo tempo a nossa exposição às desvantagens. Adquirir as capacidades do Credit Suisse – em termos de gestão de patrimónios, gestão de activos e banca universal suíça – irá aumentar a estratégia do UBS de crescimento dos seus negócios de capital ‘não intensivo. A transação trará benefícios aos clientes e criará valor sustentável a longo prazo para os nossos investidores”.
O Presidente Executivo do UBS, Ralph Hamers, explicou na mesma nota que “a junção do UBS e do Credit Suisse irá desenvolver os pontos fortes do UBS e aumentar ainda mais a nossa capacidade de servir os nossos clientes globalmente e aprofundar as nossas melhores capacidades”.
“A combinação apoia as nossas ambições de crescimento nas Américas e na Ásia ao mesmo tempo que acrescenta escala ao nosso negócio na Europa, e esperamos receber os nossos novos clientes e colegas em todo o mundo nas próximas semanas”, conclui o CEO.
A ministra das Finanças da Suíça disse este domingo em conferência de imprensa, Karin Keller-Sutter, que as conversas entre os dois bancos suíços com vista a uma fusão começaram a 15 de março. As discussões foram iniciadas conjuntamente pelo Departamento Federal de Finanças suíço, FINMA e o Banco Nacional Suíço e a aquisição tem o seu total apoio.
Sobre os termos da transação, o UBS confirma que os acionistas do Credit Suisse receberão uma ação do UBS por cada 22,48 ações do Credit Suisse detidas, equivalente a 0,76 francos suíços por um valor total de 3 mil milhões de francos suíços.
“O UBS beneficia de 25 mil milhões de francos suíços de proteção contra a transação para apoiar marcas, ajustamentos do preço de compra e custos de reestruturação” bem como uma “proteção adicional de 50% de proteção contra a depreciação de ativos não essenciais. Ambos os bancos têm acesso sem restrições às facilidades existentes do Banco Nacional Suíço, através das quais podem obter liquidez do SNB, de acordo com as orientações do banco central através de instrumentos de política monetária”.
Espera-se que a combinação dos dois bancos gere uma redução anual de custos de mais de 8 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) até 2027.
“O UBS Investment Bank irá reforçar a sua posição competitiva global com clientes institucionais, empresariais e de gestão de património através da aceleração dos objectivos estratégicos de Banca Global enquanto irá gerir o resto do Credit Suisse’s Investment Bank”, diz o UBS que revela que as operações combinadas de banca de investimento representam aproximadamente 25% dos activos ponderados pelo risco do Grupo.
O UBS disse ainda que os negócios estratégicos de Global Banking do Credit Suisse serão mantidos, mas a maioria das posições nos mercados do Credit Suisse passam a non-core.
Colm Kelleher revelou na conferência de imprensa que irão desinvestir na área de banca de investimento do Credit Suisse, porque o UBS tem uma atividade muito relevante nessa área e com o “modelo que os acionistas querem”.
O UBS prevê que a transação gere lucro por ação até 2027 e que o banco permaneça capitalizado bem acima de sua meta de rácio de capital CET1 de 13%. “O UBS permanece fortemente capitalizado bem acima do nosso objectivo de 13% e comprometido com uma política progressiva de dividendos em dinheiro, garante o banco.
Colm Kelleher será o presidente e Ralph Hamers será o CEO do grupo da entidade combinada.
A transação não está sujeita à aprovação dos acionistas.
O UBS obteve um pré-acordo da FINMA, Swiss National Bank, Swiss Federal Department of Finance e outros reguladores centrais sobre a aprovação oportuna da transação.
Estratégia do UBS permanecerá inalterada, incluindo foco no crescimento nas Américas e APAC (Ásia-Pacífico), garante o banco.
O UBS vai beneficiar de uma garantia de 9.000 milhões de francos do governo que serve de seguro caso sejam descobertos problemas em carteiras muito específicas do Credit Suisse, disse Keller-Sutter.
O banco central anunciou também uma linha de liquidez que vai até 100 mil milhões de francos suíços para UBS e Credit Suisse.
A UBS paga 0,76 cêntimos por ação na OPA sobre o Credit Suisse, num total de três mil milhões de francos suíços. O acordo prevê que os acionistas do Credit Suisse recebam uma ação do UBS por 22,48 ações do Credit Suisse detidas, o que equivale a 0,76 euros por ação.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, saudou hoje a “ação rápida” e as decisões tomadas pelas autoridades suíças em relação ao banco Credit Suisse.
Também a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e o presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, congratularam-se hoje com a atuação das autoridades suíças para a compra do banco Credit Suisse pelo UBS.
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