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Futuro do retalho assenta na estratégia omnicanal

O cliente está no centro e as empresas respondem às suas exigências. La Redoute, Loja do Shampoo e Paul Stricker contaram no Portugal Exportador as suas estratégias para triunfar no mercado.
21 Novembro 2021, 18h30

O futuro das empresas de retalho passa pela aposta em soluções digitais para promover uma estratégia omnicanal – esta é uma das conclusões da 16ª edição do Portugal Exportador, regressado ao formato físico após um ano de interrupção devido à pandemia da Covid-19.

“Não há offline e online, há o cliente. A estratégia é o acompanhamento do cliente. O futuro do retalho passa por gerir diversos canais”, afirmou Paulo Pinto, diretor geral da La Redoute, empresa que se implantou em Portugal há pouco mais de três décadas ancorada no catálogo com o mesmo nome. No workshop sobre e-commerce e Marketing Digital, o gestor contou que a evolução foi feita do papel (o icónico catálogo La Redoute) para a loja online e do têxtil – vendia sobretudo vestuário para crianças, mulheres e homens – para a oferta de produtos para a casa, que atualmente é responsável pela grande fatia do negócio. O passo seguinte na evolução foi a abertura de uma loja física, uma espécie de grande “showroom” nas Avenidas Novas, uma das zonas mais nobres da cidade de Lisboa.No pós-Covid o conceito showrooming ganha tração no mundo e Portugal não é excepção. Permite uma nova experiência ao consumidor – ver o produto com os próprios olhos e de seguida comparar o preço na loja virtual – e facilita à empresa fazer a gestão do produto e respetivo ‘stock’. “Não há o caminho certo, há o caminho adequado. O digital vive bem com lojas nem que seja no conceito showroom”, considerou Paulo Pinto.

O responsável da La Redoute lembrou que no mundo global e cada vez mais digitalizado em que vivemos, qualquer negócio nasce com potencial internacional e deixou um conselho a quem ambiciona começar: “o Marketplace é a forma de fazer a internacionalização com poucos recursos”.
A Loja do Shampoo oferece cosmética e perfumes à distância de um click, sendo uma das maiores empresas online a operar no mercado da beleza em Portugal. “Mostra que é possível a qualquer empresa crescer no e-commerce”, afirmou Pedro Costa, Digital Marketing Strategist deste projecto 100% português. “Começámos quase num vão de escada, já mudámos três vezes de instalações e continuamos a crescer”, explicou. Resultado? A faturação duplica todos os anos e já vai em 13 milhões de euros. Também aqui, o caminho feito através do digital vai desembocar na loja. “A dada altura os clientes começam a pressionar a abertura de espaços fisícios”, salientou o empresário que também é professor no IPAM – Instituto Português de Administração de Marketing. A Loja do Shampoo acaba de abrir portas em Aveiro e pensa em Espanha. É a resposta adequada ao mercado, considerou.
O terceiro caso apresentado neste fórum do Portugal Exportador – Paul Stricker – mostra, mais uma vez, que não há certo nem errado, há o adequado à natureza e atividade do negócio e às circunstâncias. Criada em 1944 pelo homem que lhe dá o nome, Paul Stricker, chegado a Portugal vindo da Áustria em plena Segunda Guerra Mundial, a empresa é um caso sério de internacionalização.

Paul Sticker começou por reparar canetas e somente nos anos oitenta do século XX entraou no negócio do brinde promocional corporativo. Passaram apenas 40 anos mas os resultados apresentados por Jorge Alcobia, executive board member da Paul Stricker, falam por si: exportação para 90 países e operações de produção em quatro – Portugal, República Checa, China e Brasil. “Em 2012 faturou 10 milhões de euros, em 2019 atingiu os 110 milhões e conta fechar este ano nos 115 milhões”, adiantou.

Segundo o gestor, “o importante é conseguir adaptar o produto, ou serviço e até a moeda ao mercado”. Na Paul Stricker falam-se 40 línguas e fazem-se transações em 22 moedas diferentes. Embora também venda em ‘marketplaces’, a maior parte do negócio, que inclui tudo o que se possa imaginar, desde canetas, blocos de notas, até guarda chuvas e bonés, é ‘offline’. No futuro, coabitarão os dois. “O online é o que nos vai fazer crescer mais no futuro, mas os clientes querem falar com alguém e o ‘offline’ vai manter o seu lugar”, salientou Jorge Alcobia.

O chinês Alibaba é o maior grupo de e-commerce do mundo e esteve representado no Portugal Exportador por Ana Chiappetta e Ângela Lin. Esta última, que é responsável pelo Desenvolvimento do Negócio da Tmall Global em Espanha e Portugal afirmou: “O consumidor está no centro. Ele é o nosso ponto de partida”. Explicou depois que o e-commerce é mais uma ferramenta, tal como a loja física e que “o futuro do comércio e do retalho passa pela digitalização de toda a cadeia de valor com vista à optimização da produção, do marketing e da logística”.

Na conferência e-commerce e Marketing Digital, moderada por Maria João Veiga Gomes, diretora-adjunta da Direção de Produto da aicep Portugal Global, participaram também Nuno Milagres, da ACEPI – Associação das Empresas e Profissionais da Economia Digital, que revelou um número que dá que pensar: 60% das empresas portuguesas não têm presença online. O fraco índice de maturidade digital das nossas empresas, contrasta vivamente com outro número avançado pelo mesmo responsável: 95% das compras serão facilitadas pelo e-commerce em 2040, segundo um estudo do Nasdaq. Ana Cordeiro, do Portugal Digital, plano de ação para a Transformação Digital do Governo, abordou os meios existentes para ajudar os comerciantes a entrar nos canais digitais.

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