[weglot_switcher]

Galamba ataca Instituto da Natureza e Floresta: “tem sido pródigo em dificultar a transição energética”

O ex-secretário de Estado da Energia criticou o organismo estatal conhecido no sector por ser um dos mais radicais na defesa do ambiente, considerando que as suas decisões prejudicam o cumprimento de metas de energias renováveis por Portugal: “decisão é muito danosa para o país”.
Lusa
3 Abril 2024, 10h57

O ex-secretário de Estado da Energia, João Galamba, veio hoje a público deixar duras críticas ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) depois da alteração de um projeto eólico da Iberdrola no Tâmega, distrito de Vila Real.

No mundo da energia nacional, o ICNF é conhecido por ser o mais radical dos organismos estatais na análise ambiental, com os seus pareceres a entrarem muitas vezes em colisão com os Estudos de Impacte Ambiental (EIA) feitos pelos promotores de energias renováveis.

O ex-governante considera que a decisão é “muito danosa para o país e para o cumprimento de metas” do PNEC [Plano Nacional de Energia e Clima], que impõe metas de energias renováveis muito ambiciosas para o país até 2030.

“E o pior é que é totalmente injustificada, porque os lobos convivem muito bem com parques eólicos. Convivem menos bem com a sua construção, mas isso pode ser gerido e devidamente acautelado, mas convivem muito bem com a sua operação (vários exemplos disto, incluindo em Portugal)”, começou por escrever nas redes sociais o ex-secretário de Estado que ocupou funções entre 2018 e 2023 na Rua do Século.

“A decisão é danosa porque Portugal está atrasado no reforço da potência eólica e, sobretudo, porque o reforço do eólico onshore passa, em grande medida pela hibridização”, a junção de energia solar e eólica no mesmo local, usando ao mesmo ponto de injeção na rede, permitindo maximizá-lo: injetando eletricidade a partir de energia solar durante o dia e eólica durante a noite.

“Se o ICNF amputa o projeto, reduzindo para menos de metade o projeto original, isto tem impacto em todos os projetos análogos futuros (o potencial de hibridização com barragens é elevado e as barragens estão sobretudo no norte, em sítios onde há lobos) e obriga a construir mais linhas e a aumentar custos (e impacto ambiental) para cumprir as exigentes metas do PNEC”, que implicam mais do que duplicar eólico existente, defendendo a otimização do eólico onshore antes de avançar para o offshore.

“Infelizmente, o ICNF tem sido pródigo em dificultar a transição energética, aumentando os seus custos e, sim, aumentando o seu impacto ambiental. Prejudicar projetos que otimizam infraestruturas já existentes é um erro do ponto de vista do ambiente e conservação da natureza”, escreveu.

Para cumprir as exigências, a Iberdrola acabou por reformular o projeto das duas centrais eólicas junto às barragens do Alto Tâmega, que previa um investimento inicial de 450 milhões de euros, tendo-o encolhido em mais de 40%, revelou hoje o “Expresso”.

O também ex-ministro das Infraestruturas está atualmente indiciado pelo crime de tráfico de influência na Operação Influencer, na investigação sobre o centro de dados em Sines. João Galamba ficou fora das listas do PS nas últimas eleições legislativas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.