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Garum volta aos tanques das ruínas romanas de Tróia

A equipa de arqueologia das Ruínas Romanas de Tróia, do Troia Resort, e o restaurante Can the Can realizaram, pela primeira vez em mais de 15 séculos, uma produção de Garum num dos tanques de salga de peixe deste complexo arqueológico.
29 Outubro 2021, 18h20

Altamente proteico, o Garum era usado como condimento e para aumentar a intensidade do sabor dos alimentos, sendo muito apreciado no passado. Podia ser feito a partir de diversos tipos de peixe, tais como a anchova, a cavala, o atum, a moreia e outros, que determinavam a sua qualidade e o seu preço. Em Tróia foram encontrados principalmente vestígios de sardinha, razão da escolha desta espécie para esta produção, além do simbolismo que a mesma representa para Portugal.

As Ruínas Romanas de Tróia e o restaurante Can the Can iniciaram, pela primeira vez em mais de 15 séculos, uma produção de Garum num dos tanques de salga de peixe deste complexo arqueológico. O garum, feito com sardinha fresca de Setúbal, está finalmente pronto e será retirado do taque no sábado, dia 6 de novembro, pelas 14 horas. O evento decorrerá nas Ruínas Romanas de Tróia e será a oportunidade para provar o mais famoso condimento do Império Romano, produzido outra vez em terras lusitanas. O produto obtido será depois comercializado pelo restaurante Can the Can.

A iniciativa partiu do restaurante Can the Can, que através do projeto Selo de Mar, conduzido pelo designer e investigador Victor Vicente e o chef Pedro Almeida, pretende estudar e recuperar as técnicas de conservação de pescado e inovar a partir da tradição, em colaboração com o Tria Resort e a sua equipa de arqueologia das Ruínas Romanas de Tróia, liderada por Inês Vaz Pinto.

Este projeto conta ainda com a participação das investigadoras na área alimentar Marisa Santos, Catarina Prista e Anabela Raymundo do Centro de Investigação em Agronomia, Alimentos, Ambiente e Paisagem do Instituto Superior de Agronomia, e da zooarqueóloga Sónia Gabriel e da palinóloga Patrícia Mendes, ambas do Laboratório de Arqueociências da Direção Geral do Património Cultural.

As ruínas romanas de Tróia foram o maior centro industrial de salgas de peixe do Império Romano, localizado na península de Tróia, na margem sul do estuário do Sado, a poucos quilómetros de Setúbal. Este sítio arqueológico é Monumento Nacional desde 1910 e está inscrito, desde 2016, na Lista Indicativa Portuguesa do Património Mundial.

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