O multimilionário e filantropo George Soros considera que sem um aumento do orçamento comunitário e sem emissão de obrigações em que não haja prazo de reembolso, o cenário de colapso da União Europeia (UE) pode estar mais próximo de se tornar realidade.
“Circunstâncias excepcionais exigem medidas excepcionais”, disse Soros em entrevista ao jornal holandês “De Telegraaf”, publicada esta sexta-feira. “Obrigações sem prazo de reembolso são uma dessas medidas. Nem deveriam ser considerados em tempos normais. Se a UE não conseguir ter em consideração essas ferramentas numa altura destas, não será capaz de enfrentar os desafios que enfrenta. Isto não é uma possibilidade, é uma realidade trágica”, cita a “CNN” as declarações do magnata.
O bilionário sugeriu que a UE poderia fornecer títulos perpétuos autorizando a tributação para emiti-los, pois o bloco europeu precisaria manter sua classificação AAA para que a ideia funcionasse.
Soros acrescentou também que o dinheiro arrecadado poderia ser alocado para aqueles que mais necessitavam, especialmente os países do Sul mais atingidos, manifestando especial preocupação por Itália que, segundo ele, foi tratada injustamente pela UE e pela Alemanha no passado.
“O que restaria da Europa sem a Itália? O afrouxamento das regras de ajuda pública, que beneficiam a Alemanha, são particulamente duras para Itália, que já era uma espécie de ‘velhinho doente’ da Europa e é o país que mais sofreu com a Covid-19”, continuou. “A Itália era o país mais pró-europeu. Os italianos confiavam mais na Europa do que nos seus próprios governos, e por boas razões. Mas foram maltratados durante a crise de refugiados de 2015. Foi quando os italianos decidiram em massa votar em [Matteo] Salvini, na sua Liga [ultradireita] e no Movimento Cinco Estrelas [antissistema]”.
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