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Geórgia: eleições dão vitória ao partido pró-Rússia

Oposição acusa o Sonho Georgiano de ‘golpe constitucional’ depois de o partido, que se encontra no governo desde 2012, garantir 54% dos votos.
27 Outubro 2024, 10h40

O partido que governa a Geórgia venceu as eleições parlamentares, disse a comissão eleitoral este domingo. O partido Sonho Georgeano, que seguia à frente nas sondagens, é pró-russo – ou pelo menos tem uma preocupação securitária de manter uma boa vizinhança com a Rússia – e pouco entusiasta em relação a uma possível adesão à União Europeia.

É mais um golpe para a aspiração de longa data de uma parte do país de aderir à União Europeia – que assim soma mais uma derrota, pouco dias depois de a Moldávia também se ter mostrado muito pouco entusiasmada com o bloco dos 27: um referendo sobre a entrada do país mereceu o apoio de apenas 50,4% dos votantes.

A oposição da Geórgia não admitiu a derrota, acusando o partido de ter realizado um “golpe constitucional” e prometendo protestos para as ruas. O resultado parece acabar, pelo menos para já, com as esperanças da oposição de uma coligação pró-ocidental. No poder desde 2012 e com traços de autoritarismo que, segundo os analistas, se vão agudizando, o partido vencedor vai por certo afastar ainda mais o seu percurso do da União Europeia.

Bidzina Ivanishvili, o bilionário fundador do Sonho Georgiano, reivindicou a vitória logo após o fecho das urnas. “É um caso raro no mundo que o mesmo partido alcance tanto sucesso numa situação tão difícil – este é um bom indicador do talento do povo georgiano”, disse, citado pelas agências internacionais, aquele que é considerado o homem mais poderoso do país.

A coligação de oposição considera os resultados das eleições um “golpe constitucional”. “A vitória foi roubada do povo georgiano … Não aceitamos os resultados destas eleições falsificadas”, disse Tinatin Bokuchava, líder do maior partido da oposição, o Movimento Nacional Unido (UNM). A oposição acusou o partido no poder de confiar nos seus “recursos administrativos” durante as eleições – um termo abrangente que inclui pressionar os funcionários públicos a votar e oferecer doações em dinheiro a grupos eleitores, nomeadamente nas zonas rurais.

Um grupo de dois mil observadores eleitorais chamado My Vote disse que não acredita que os resultados preliminares “reflitam a vontade dos cidadãos georgianos”, dada a escala de fraude eleitoral e violência que diz ter-se verificado. “Os bandidos de Bidzina Ivanishvili estão desesperados por manter-se no poder e recorrerão a qualquer coisa para subverter o processo eleitoral”, disse Bokuchava, o líder da UNM.

O partido no poder foi acusado de planear mover o país numa direção cada vez mais autoritária, principalmente depois de Ivanishvili prometeu banir todos os principais partidos de oposição.

O governo enfrentava uma união sem precedentes de quatro forças de oposição pró-ocidentais que prometeram formar um governo de coligação e voltar aos planos para ingressar na União. A maior força de oposição é o UNM, de centro-direita, um partido fundado por Mikheil Saakashvili, o ex-presidente que está preso sob acusações de abuso de poder.

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