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Goldman Sachs e Deutsche Bank alertam para queda continuada do dólar

A divisa norte-americana irá continuar a cair dada a desconfiança crescente dos investidores nas políticas da administração Trump, embora o economista chefe do Goldman Sachs não projete a perda de estatuto como divisa dominante. Já o banco alemão espera uma queda sustentada do dólar até 1,30 contra o euro em 2027.
FILE PHOTO: U.S. one hundred dollar notes are seen in this picture illustration taken in Seoul February 7, 2011. REUTERS/Lee Jae-Won/File Photo
24 Abril 2025, 14h10

O Deutsche Bank e o Goldman Sachs estão preocupados com a queda do dólar, avisando que a tendência de descida é estrutural e projetando que a divisa norte-americana continue a recuar. O banco alemão aponta mesmo até mínimos de mais de uma década contra o euro, uma das moedas mais beneficiadas com a perda de confiança dos mercados no que era até aqui visto como um dos ativos de reserva mais seguros e líquidos, enquanto o economista-chefe do Goldman alerta para o regresso da inflação.

Numa nota aos investidores, os analistas George Saravelos e Tim Baker sublinharam a desconfiança crescente dos investidores na política norte-americana, um fenómeno exacerbado pela imposição de tarifas. Em sentido inverso, a Europa viu o seu motor industrial, a Alemanha, reformar o travão da dívida e prometer um aumento dos gastos públicos, acompanhando o continente como um todo, o que deverá dar um impulso à economia do Velho Continente.

Mais, a Europa e a moeda única irão beneficiar de “fluxos para porto seguro” à medida que os investidores aplicam as suas reservas em ativos europeus face à crescente imprevisibilidade norte-americana.

A consequência será uma queda sustentada do dólar até 1,30 contra o euro em 2027, projeta o banco alemão, um nível não registado desde 2014. O índice do dólar caiu 4,8% no último mês e 8% nos últimos três, refletindo o efeito das políticas de Trump – que passou a campanha eleitoral a dizer que queria um dólar mais fraco – nos mercados cambiais.

A moeda única negoceia atualmente a 1,137 dólares, uma subida de 5,3% no último mês e de 9,8% desde o início do ano.

Por sua vez, Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs, aproveitou um espaço de opinião no ‘Financial Times’ para argumentar que “a recente depreciação do dólar de 5% numa base comercial alargada tem uma margem considerável para se prolongar”. Hatzius destacou o “abrandamento do crescimento e dos lucros empresariais, um disparo na incerteza em torno da política dos EUA e questões sobre a independência da Fed” para explicar a sua visão.

Ainda assim, “a depreciação do dólar não deve ser confundida com a perda de estatuto como divisa dominante”, esclarece. O dólar tornou-se já “demasiado entrincheirado” na economia global para ser demovido deste papel, mas nem assim a sua queda deixará de significar mais inflação para os consumidores norte-americanos.

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