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Goldman Sachs prevê aumento dos conflitos comerciais entre a UE e a China

Numa ‘guerra’ entre China e Estados Unidos, a indústria da União Europeia é uma espécie de parente pobre no meio de um desentendimento entre dois gigantes.
28 Outubro 2024, 12h51

A recuperação da economia europeia “tem sido lenta, principalmente devido à limitada resiliência dos consumidores domésticos. Entretanto, a procura externa proporcionou algum apoio à atividade europeia. As exportações líquidas, especialmente de serviços, têm sido a componente mais resiliente do crescimento do PIB da Zona Euro no primeiro semestre de 2024, refere um estudo da Goldman Sachs. “As exportações líquidas de bens continuaram a ser a componente mais lenta da recuperação” da Europa.

Para a empresa norte-americana, “o número de setores industriais exportadores em que a União tem uma vantagem comparativa a par da China tem aumentado, enquanto o número correspondente com os Estados Unidos diminuiu”.  Esta tendência “tem sido mais notável em Itália e na Alemanha e em menor medida em França”.

O comércio livre “continua a ser uma das características definidoras da União. No entanto, a incerteza da política comercial começou novamente a aumentar. Embora a Comissão esteja pronto para responder a potenciais aumentos das tarifas de importação após as eleições nos EUA, a relação comercial com a China está a ajustar-se mais lentamente à medida que as negociações de fundo continuam”, refere a Goldman Sachs.

“O recente aumento das tarifas sobre os veículos elétricos por parte da União sinaliza uma postura mais ativista no futuro. Vemos dois cenários políticos para a política comercial da UE em relação à China. No cenário cooperativo, a China restringirá a sua presença em alguns setores estratégicos industriais europeus em troca de acesso a longo prazo para os produtos chineses no mercado europeu. Num cenário de concorrência continuada, a China continuará a exportar o seu excesso de capacidade industrial para a Europa e a EU responderá continuando a aumentar de forma gradual mas constante as restrições comerciais aos produtos chineses. Devido ao atual baixo nível da procura interna na China, vemos o último cenário como mais provável e as fricções comerciais entre a UE e a China tenderão a aumentar no curto prazo”.

A Europa “não só está a diminuir a sua quota nas exportações globais, como também está a alterar a direção do seu comércio. Embora as exportações e importações dos EUA tenham crescido na última década, as exportações para a China começaram a diminuir enquanto a dependência da economia asiática continuou a crescer.

“O comércio livre é um dos poucos princípios orientadores estabelecidos da EU, que utiliza tarifas de importação como último recurso”. A Comissão Europeia declarou a sua intenção de “explorar uma solução alternativa […] adequada para abordar a subvenção prejudicial estabelecida pela investigação da Comissão”.

“À medida que a concorrência com os produtos chineses continua a aumentar, prevemos que é mais provável que as fricções comerciais entre a UE e a China aumentem no curto prazo”, conclui o estudo.

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