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Golpe de teatro em Israel: sondagem à boca das urnas aponta para derrota de Netanyahu

Se o atual primeiro-ministro de Israel perder para o seu concorrente mais forte, Benny Gantz, de centro-esquerda, Donald Trump e a sua política para a região sairão também derrotados.
  • Ronen Zvulun /Reuters
9 Abril 2019, 20h41

As esperanças de reeleição de Benjamin Netanyahu estão a esfumar-se; uma sondagem à boca das urnas sugere que o rival principal rival do atual primeiro-ministro, Benny Gantz, poderá ocupar mais quatro cadeiras que o partido de Netanyahu no parlamento.

Uma sondagem conduzida pelo canal 12 de Israel projeta o partido Likud de Netanyahu com 33 assentos e o partido azul e branco – uma coligação de centro-esquerda – de Benny Gantz com 37 assentos.

Se os resultados vierem a confirmar-se, será uma derrota em toda a linha de Netanyahu, que assim poderá abandonar o poder, acossado com suspeitas de corrupção. A mudança eventual na direção do país daria a entender que as iniciativa de Netanyahu para se manter no poder – nomeadamente a ‘ameaça’ de anexar a Cisjordânia – não cumpriram o seu papel de convencer uma maioria de israelitas da ‘bondade’ das suas políticas.

Os resultados definitivos ainda estão longe de serem conhecidos, mas o certo é que a reeleição do político que esteve no poder na última década está a ser mais difícil que o que poderia parecer. As sondagens ao longo da semana davam como praticamente certa a vitória de Netanyahu.

De algum modo, uma derrota do primeiro-ministro seria um ‘cartão vermelho’ à política externa do presidente norte-americano, Donald Trump, para a região: o inquilino da Casa Branca apressou-se a anunciar o seu apoio à anexação da Cisjordânia e, ao arrepio da maioria da comunidade internacional – com a exclusão do Brasil – aceitou considerar Jerusalém como a capital de Israel, levantando um coro de protestos que foi do Vaticano até à ONU.

Entretanto, segundo a imprensa israelita, o Likud gastou centenas de milhares de shekels, a moeda do país, para fornecer aos seus observadores em assembleias de voto instaladas nas comunidades árabes cerca de 1.200 câmaras escondidas. A polícia confiscou esta terça-feira dezenas dessas câmaras, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que deve haver vigilância em todos os lugares para garantir um processo de votação limpo.

Talvez por isso – pela reserva entre um povo e outro –Ayman Odeh, líder do Hadash-Ta’al (maior partido árabe de Israel), revelou que esperava uma participação historicamente baixa entre os eleitores árabes, o que poderia significar um “Knesset sem representação árabe”.

“ O nosso pesadelo e a fantasia do primeiro-ministro Netanyahu: um Knesset sem representação árabe – de repente parece uma possibilidade realista”, disse. A participação da comunidade árabe terá sido de 25%, caindo drasticamente dos 40% nas eleições de 2015.

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