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Gonçalo Cadilhe: “Por Este Reino Acima”

Depois de calcorrear mundo, Gonçalo Cadilhe decidiu desbravar os mundos que se escondem entre Lisboa e Coimbra. Fixou-os neste livro que agora partilha com os leitores.
25 Julho 2020, 10h11

 

Gonçalo Cadilhe é, provavelmente, o nosso mais conhecido autor de literatura de viagens, atividade que iniciou de forma profissional em abril de 1993, depois de uma breve passagem pelo mundo da gestão.

Dez anos mais tarde, deu uma volta ao mundo sem aviões e, em 2007, uma segunda volta, desta vez nos passos de Fernão de Magalhães. Para cumprir o provérbio, faria uma terceira, em 2008, seguindo as suas ondas de surf de sonho, atividade que pratica com prazer, o que está bem patente naquele que é talvez um livro de culto, “No Princípio Estava o Mar”, uma ode ao contacto com o mar, em particular, e com a natureza, em geral, e onde impera a ideia de correr mundo – tanto inerior como exteriormente. Sobre o surf, Cadilhe afirmou que “me abriu uma nova dimensão do espaço, amniótico, infinito”.

É autor de três documentários televisivos e vários livros de viagens, com destaque para o já referido “No Princípio Estava o Mar”, “Nos Passos de Magalhães” e “África Acima”, resultado de uma viagem de oito meses na qual atravessou África desde o cabo da Boa Esperança, no extremo Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no extremo Norte, em autocarros, comboios, balsas, bicicletas de ocasião, à boleia de camiões e a pé.

Depois de percorrer o mundo, eis que surge o relato de uma viagem ao alcance de todos, com ou sem companhia, em família ou com amigos, desta vez, em Portugal. Cadilhe segue assim o exemplo de outros conhecidos viajantes-escritores que, depois de anos a percorrer os quatro cantos do mundo, se dedicam a conhecer o seu próprio país e se deixam maravilhar pelo que descobrem (o francês Sylvain Tessoin, infelizmente inédito em Portugal – “Sur les chemins noirs” – ou o norte-americano Paul Theroux – “Sul Profundo”, editado pela Quetzal).

Uma caminhada de oito dias, ao longo de 200 quilómetros, entre Lisboa e Coimbra (portanto, uma média de 25 km por dia), à descoberta de um país que nas últimas décadas mudou muito – ao ponto de a Estrada Nacional 2 ser agora um destino/trajeto turístico, havendo inclusivamente agências que nela têm programas.

Gonçalo Cadilhe inspirou-se na viagem que o jovem Santo António terá feito no início do século XIII, pelo meio de bosques e planícies no centro de Portugal. Ao percorrer trilhos de outros tempos, o autor evoca o período medieval, relembra como se caminhava há mais de oitocentos anos e reitera como ainda temos tanto a descobrir em Portugal, num relato que contempla várias dimensões, da atividade física à componente espiritual, da reconstrução histórica à (re)descoberta das belezas nacionais.

“Por Este Reino Acima” é editado pelo Clube do Autor, e é também a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

 

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